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Feminicídio bate recorde e estupro cresce 14,9% no primeiro semestre; Sudeste tem mais casos

Por Rede Brasil Atual | 14 nov 2023

Entre janeiro e junho, o número de feminicídios bateu recorde no Brasil. Pelo menos 722 mulheres foram assassinadas em contexto de violência doméstica e familiar por discriminação à sua condição feminina. É o que revela levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta segunda-feira (13), com base em dados das secretarias estaduais de Segurança Pública. De acordo com a organização, o número indica que os registros de feminicídio cresceram 2,6% a mais no período do que os 704 casos dessa natureza contabilizados no primeiro semestre de 2022.

Entre os 27 estados, em 14 os casos de feminicídio aumentaram, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública [Foto: Arquivo EBC]

O total de mulheres assassinadas por sua condição de gênero – o chamado feminicídio – na primeira metade deste ano é também o maior número da série histórica para um primeiro semestre já registrado desde 2019. O estudo observa, contudo, que o Sudeste foi o responsável pelo crescimento da média nacional, já que foi a única região em que o número de feminicídios subiu. Houve uma alta de 16,2%, de 235 casos, no ano passado, para 273 no primeiro semestre de 2023. Nas outras quatro regiões, o crime registrou queda, principalmente no Nordeste, que teve redução de 5,6% (187 vítimas).

A alta no Sudeste coloca em alerta a região, de acordo com o FBSP. O crescimento foi bastante expressivo no estado de São Paulo, onde o crime cresceu 33,7%. Pelo menos 83 casos foram registrados no ano passado, ante 111 neste primeiro semestre. O ranking de escalada da violência de gênero é seguido por Espírito Santo, com alta de 20% – de 15 para 18 ocorrências), e Minas Gerais, com aumento de 11% – 82 para 91 casos. Já o estado do Rio de Janeiro foi o único na região que registrou queda no período.

Estupros crescem

Proporcionalmente por unidade federativa, foi o Distrito Federal que teve a maior alta de feminicídios no primeiro semestre. O número de casos saltou de 6 para 21, segundo a organização. No geral, entre os 27 estados, em 14 os casos aumentaram, sendo que 12 tiveram queda e um, a Paraíba, registrou o mesmo total de 17 casos em relação ao semestre anterior.

Os registros de estupro e de estupros de vulnerável também mostraram-se em alta no país. Em números absolutos, 34 mil mulheres foram vítimas desse crime. Um crescimento de 14,9% em relação a 2022. O que também significa que a cada 8 minutos, uma menina ou mulher foi estuprada entre janeiro e junho deste ano no Brasil. Do total dos casos, 70% tiveram meninas de até 13 anos como vítimas.

Todas as regiões apresentaram crescimento nos casos de estupro e estupro de vulnerável. A maior variação foi confirmada na região Sul, com crescimento de 32,%. A segunda mais alta foi o Norte, com 25%. Nordeste registrou 13,2%, o Centro-Oeste 9,7% e no Sudeste o aumento foi de 4,8%.

Repercussão

Diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno aponta para uma relação entre o desmonte da rede de acolhimento e proteção das mulheres, principalmente em São Paulo, com o aumento dos crimes de feminicídio e estupro. “Como se precarizou esse atendimento e a articulação dos serviços, especialmente Município e Estado (de São Paulo), que são eles que recebem essa mulher, que são a porta de entrada dessa mulher (vítima de violência)”, afirmou ao g1.

Para a especialista, outro desafio é fazer com que todas as mudanças recentes na Lei Maria da Penha “se traduzam na vida real dessas mulheres em situação de violência. E isso só vai ser possível quando a gente investir nessa rede de acolhimento. Que essas mulheres sejam acolhidas e encaminhadas ao sistema de Justiça”. Em suas redes sociais, o deputado federal Tarcísio Motta também classificou como “estarrecedor” os dados da violência contra a mulher no Brasil.

“Nem Ordem nem Progresso, mas Estupro e Feminicídio. Eis o Brasil de 2023. Segundo pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, esses crimes aumentaram, respectivamente, 14,9% e 2,6% só no primeiro semestre desse ano. Estarrecedor”, escreveu o parlamentar.

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