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Após vários nãos, metalúrgica se sente realizada no mercado de trabalho

Por Auris Sousa | 06 mar 2013

“A vaga já foi preenchida.” Esta foi uma das frases que Rosanei Pascoal Lima, de 46 anos, ouviu durante uma de suas buscas por um emprego. Nesta ocasião, ela que tem escoliose, tentou se candidatar a uma vaga de auxiliar. Após a resposta negativa, Rosanei saiu e escutou a mesma pessoa dizer a outra “precisamos de alguém que tenha uma boa aparência”.

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Aquelas palavras magoaram e quase acabaram com os planos da mulher, que escondeu o seu sorriso e passou a chorar. “Naquele momento, passei a enxergar o trabalho como algo distante. Percebi que ia ser difícil”, explica.

Mas certa de que iria conquistar a sua independência financeira e pessoal, Rosanei não parou de tentar. Neste ano completará oito anos como operadora de máquinas da Meritor, em Osasco, em uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil, segundo ranking de 2010 da Revista Exame. Antes disso, ela trabalhou em um hospital e no comércio, locais em que aprendeu a lidar também com os preconceitos dos colegas.

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“Seu lugar é no INSS” soltou um colega de trabalho. “Ouvi ele falar que eu estava tomando a vaga de  outra pessoa”, conta. Com um olhar distante, de quem relembra um passado que não pode ser ignorado, a metalúrgica confessa que se sentia perdida em meios as palavras e olhares. “Não tinha força de responder, ia até ao banheiro e chorava”, lembra.

Com o tempo ela aprendeu a superar as dificuldades e o preconceito, elementos que passaram a ser o seu combustível para lutar por seus objetivos. “Passei a querer mostrar a eles que estavam errados”, afirma.

O esforço foi à tática usada por Rosanei. Quando havia treinamentos na empresa, ela se comprometia e dentro de uma semana assimilava. Estava sempre disposta a colaborar até mesmo com os outros setores. “Sou capaz e dava conta do meu trabalho”.

Um sonho realizado

Quando fez os testes e foi selecionada para trabalhar na Meritor, ficou tão emocionada que teve arritmia cardíaca. Ela não se cabia de tanta felicidade, pois ouvia falar que a empresa era uma das melhores para se trabalhar. “Tive um excesso de emoção. Meus planos é me aposentar aqui”, enfatiza.

Sua satisfação é porque não se sente diferente dos outros colegas de trabalho. “Aqui na empresa nos tratam de forma igual, temos as mesmas metas que qualquer outro trabalhador. Temos os mesmos direitos e deveres”, explica.

Graças ao seu trabalho, Rosanei conseguiu realizar o sonho da casa própria e comprou um carro. “Me sinto uma pessoa realizada. Construí a minha família, tenho meu filho, uma netinha, minha nora. Sou muito feliz porque tenho conseguido realizar os meus sonhos que vieram com muita batalha”, se alegra.

Ela que se considera a pessoa mais feliz do mundo, enche os olhos de lágrimas ao lembrar que quando era criança um médico disse que ela não iria andar. Até que um dia viu tomates na cerca do vizinho, colocou a cadeira de rodas perto do local e conseguiu pegar o fruto vermelhinho com suas próprias mãos. Desde então, a cada passo ganhava mais confiança até que aposentou a cadeira de rodas. “Hoje até corro”, conta com um largo sorriso.

Apoio que rende frutos

Rosaneide se sente satisfeita com a atuação do Sindicato em prol das pessoas com deficiência. “A iniciativa do Sindicato é muito importante, porque apoia as pessoas com deficiência”, avalia.

Para ela, trabalho é mais do que um salário. “É muito bom, me sinto igual a todos. Significa ser independente, não ter que depender de ninguém”, enfatiza. Para as pessoas que têm dificuldades de entrar no local de trabalho, ela tem um recado: “Tudo é possível, a nossa capacidade não tem limites, ela vai além. É só investir”.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #07