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Fausto Augusto Júnior
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Juros altos: remédio caro e errado

Por Fausto Augusto Júnior - Diretor técnico do DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos 11 maio 2022

A crise que o Brasil vive mais uma vez põe em xeque as escolhas do governo, exigindo medidas diferentes. O governo, porém, insiste nos erros, aprofundando a crise. O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) acaba de elevar a taxa básica de juros, a chamada Selic, para 12,75% ao ano, o 10º aumento seguido, para tentar conter a inflação que, em 12 meses, ultrapassa os 10%. Remédio errado. Além de nenhum impacto na inflação, essa alta vai trazer mais problemas.

O aumento dos juros até pode ser usado para controlar a inflação, mas quando ela é causada por aumento de consumo. No momento, a inflação é gerada principalmente pelos preços administrados, ou seja, referentes a serviços e produtos com reajustes definidos por contratos ou regulados pelo próprio governo, como combustível e energia elétrica e; pelos preços dos alimentos, com incentivo às exportações, esvaziamento das políticas de estoques reguladores, queda brutal do apoio à agricultura familiar. Inflação gerada em grande parte por ações do governo.

A alta de juros nesse momento vai paralisar a economia, pois o crédito vai ficar mais salgado para famílias, empresas, governos, além de paralisar investimentos na área produtiva, já que os recursos serão atraídos para aplicações no mercado financeiro. Dinheiro rendendo para alguns nos bancos e faltando na economia. Crise agravada

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #30