Desde o início, o governo Lula tem questionado o Banco Central por causa da manutenção da taxa de juros em altos níveis.

Juros elevados inibem o crescimento e o investimento e atrapalham o desenvolvimento do país.

A manutenção da taxa de juros alta pode, sim, ser usada para conter a inflação, mas quando a alta de preços acontece porque a demanda por produtos e serviços é grande, numa economia aquecida. Juros altos desestimulam consumo e investimento em produção e incentivam a colocação de dinheiro em aplicações financeiras.

Nesse momento, o Brasil não tem necessidade de desacelerar a economia e alta demanda de consumo. O país pouco cresce.

A situação de várias montadoras, que suspenderam a produção e/ou deram férias coletivas aos trabalhadores, é reflexo da baixa demanda dos consumidores e dos juros altos.

Tratar a inflação com juros elevados, nesse momento, é o mesmo que dar ao paciente o remédio errado, pois ela vem dos custos de produção (combustíveis, luz, água, gás encanado e de botijão) e dos alimentos, principalmente porque se exporta muito e a oferta interna caiu.

É preciso uma taxa de juros menor para o país voltar a crescer. Quando o Banco Central prioriza o mercado financeiro em vez do dos trabalhadores, mantém a desigualdade e a situação precária de milhões de brasileiros, o que equivale a um time de futebol jogando contra.

Fausto Augusto Júnior

Diretor técnico do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos)