As campanhas salariais e a negociação são o momento de os trabalhadores garantirem condições de produção, salários, benefícios e condições laborais (jornada, segurança, saúde etc.), disputando parte da riqueza gerada pelo trabalho. No primeiro semestre de 2014, eles tiveram bons resultados. Segundo o Dieese, houve aumento salarial em 93% das Convenções ou Acordos Coletivos celebrados no período. 

Os resultados só foram possíveis porque há um ambiente econômico favorável no Brasil. A crise internacional colocou as maiores economias em recessão e trouxe para os trabalhadores desemprego, arrocho salarial e perda de direitos. A economia brasileira resistiu aos problemas que assolaram os outros países, pois privilegiou o mercado interno de consumo e de produção, gerando emprego e renda e consumo de massa, o que animou a produção e manteve os ganhos empresariais.

O ambiente das mesas de negociação repercutiu o ganho de lucro por parte das empresas e a disposição dos trabalhadores para buscar melhores salários, benefícios e condições de trabalho.

O desempenho da economia é a base para o avanço dos resultados das negociações coletivas. Colocar o emprego e o salário na frente da estratégia de desenvolvimento econômico é raro na história do país. É uma estratégia que precisa ser fortalecida.

CLEMENTE GANS LÚCIO
Sociólogo, diretor técnico do Dieese
(Departamento Intersindical de Estatísticas
e Estudos Socioeconomicos)