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T&C submete trabalhadores a revista, após denúncia de furto

Por Auris Sousa | 11 set 2013

Com o apoio do Sindicato, os companheiros da T&C, em Embu das Artes, pararam a produção por mais de uma hora nesta terça-feira, 10, em resposta ao clima de desconfiança e constrangimento na empresa.

Isto porque na quinta-feira, 5 , após denúncia de furto, os trabalhadores passaram por uma revista que tratou todos os trabalhadores como suspeitos. Os companheiros contam que cada setor foi revistado depois que três companheiras, que dividem o mesmo armário, procuraram o RH (Recursos Humanos) e reclamaram que tinham sido roubadas. A divisão de armários na T&C é uma prática comum.

As revistas aconteceram nos vestiários. Segundo uma companheira, equipes de cada setor foram encaminhadas – uma de cada vez – ao local. “Tive que tirar o tênis, sacudir as roupas e abrir minha bolsa. Também olharam o meu armário. Foi constrangedor”, avaliou uma trabalhadora.

Para alguns companheiros a revista se restringiu a tirar os sapados e abrir os bolsos e/ou bolsas, mas para outros a revista foi ainda mais humilhante. “Tive que abaixar a calça, tirar as roupas. Não foi fácil fazer na frente de outra pessoa. Foi um absurdo”, declarou uma companheira, que nunca achou que um dia passaria por isso.

A trabalhadora conta que ela e outras companheiras ficaram trancadas no vestiário para a revista. “Acho que ficamos mais de 20 minutos presas no vestiário. O RH abusou, não vou mais permitir que isso se repita”, desabafou. Ela explicou que  sabe de seus direitos, mas que, no momento ficou “sem ação”.

Durante assembleia, o diretor do Sindicato Geremias da Silva (representante da entidade nas empresas de Embu das Artes) informou que o Sindicato recebeu várias denúncias de metalúrgicas e metalúrgicos referente ao acontecido. O sindicalista considerou um absurdo a postura da empresa e encorajou os companheiros a buscarem seus direitos. “Uma providencia deve ser tomada e ela deve partir de vocês, porque vocês estão defendidos pela legislação e Convenção Coletiva, porque o que vocês sofreram foi assédio moral”, enfatizou.

Geremias explicou que práticas de assédio moral – condutas que humilham e abalam os trabalhadores – podem levar as pessoas ao adoecimento. Além disso, ele alertou os trabalhadores sobre o perigo de reprodução do assédio moral.  “Vocês têm que tomar cuidado com a reprodução do assédio moral, que pode acontecer até por meio de piadas, até mesmo entre vocês”. O diretor disse isso porque é muito comum que condutas de assédio moral se tornem um círculo vicioso dentro das empresas.

Violação de Direitos – Durante assembleia, a diretora do Sindicato Gleides Sodré prestou apoio as companheiras e companheiros. Além disso, orientou os trabalhadores a fazerem B.O (Boletim de Ocorrência) contra a empresa para que ações como estas não voltem a acontecer. “A empresa não podia e não tinha direito de revistar ninguém. Ela não tem direito de abrir nem os armários, porque este papel não é dela. Se houve roubo, que chamasse a polícia. Nada justifica o que aconteceu dentro da empresa”, enfatizou.

Gleides explicou aos metalúrgicos que a empresa adotou condutas abusivas capazes de ofender a honra e dignidade. “Não esperava ver isso num ano em que milhares de pessoas saíram as ruas para pedir respeito.  Se precisar, vamos vim aqui toda semana para lembrar que esta empresa pratica assédio moral e humilha seus trabalhadores”, ressaltou.

Saiba mais sobre assédio moral na 3ª edição do OI (Operário Inteiro)

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #07