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Sem volume morto, Cantareira estaria quase zerado

Por admin | 11 jul 2014

Em quedas sucessivas desde o dia 16 de maio, quando a reserva técnica (volume morto) foi incorporada ao volume útil, o Sistema Cantareira alcançou ontem 18,7% da capacidade, segundo a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).

No dia 15 de maio, o total armazenado passou de 8,2% para 26,7%, com a entrada de 182,5 bilhões de litros de água do chamado volume morto. Caso as bombas que possibilitaram o uso da reserva não tivessem sido instaladas, o Sistema Cantareira estaria quase zerado, com 0,2% da capacidade do volume útil. O sistema abastece 9 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo.

O Sistema Alto Tietê também dá sinais de esgotamento e chegou na manhã de ontem a 24,1% da capacidade. Ele abastece mais de 4 milhões de habitantes da Grande São Paulo. No começo do mês passado, o volume armazenado estava em 30,8%. Em março, a Sabesp anunciou a redução da captação do Cantareira e a complementação dele por meio de outros sistemas, incluindo o Alto Tietê. A chuva acumulada neste mês nas represas que formam o sistema está em 7,7 milímetros (mm), o que corresponde a 15,7% da média histórica, que é 49 mm.

A chuva chegou às represas do Cantareira há três dias. Ainda assim, o acumulado no mês (22,1 mm) está abaixo da média, que é 49,9 mm. De acordo com Neide Oliveira, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a escassez é uma característica do inverno e, nos próximos dias, o tempo seco voltará. “Hoje, teremos aumento da nebulosidade, mas não há previsão de chuva até pelo menos o dia 16”, apontou. Para o segundo semestre, no entanto, a presença do El Niño pode trazer chuvas acima da média na primavera e no verão. O fenômeno é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico que pode afetar o clima regional e global.

Para o professor Frederico Fábio Mauad, coordenador do Programa de Ciências da Engenharia Ambiental da USP (Universidade de São Paulo), a estiagem deste ano, no entanto, não justifica por completo a baixa histórica nas represas. “Não é um acaso da natureza, é falta de planejamento. Não é um ano de estiagem que causa um apagão no sistema de abastecimento. O nível não cai assim. Não é uma banheira que se tira o tampo e a água desce rapidamente. O nível vem caindo paulatinamente”, apontou. Ele estima que, se não houver chuva nos próximos meses, será necessário adotar racionamento em novembro.

Mauad destaca que a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) estabelece um mínimo de 1.400 metros cúbicos de água por habitante/ano. “É um volume para ser usado em 365 dias para todas as necessidades. Mas a conta não é linear, pois as pessoas que ficam mais longe dos sistemas de captação têm maiores dificuldades, porque existem muitas perdas de vazamento”, explicou. Segundo o professor, antes da crise, o índice destinado para os habitantes da região do Alto Tietê era de 200 metros cúbicos por habitante/ano.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #19