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Clemente Ganz
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Juros não segura esta inflação

Por Clemente Ganz - Diretor técnico do Dieese 29 jul 2015

Nos últimos tempos, o brasileiro tem assistido desemprego e inflação subirem e as taxas de juros aumentarem ainda mais. A cada 40 dias, mais ou menos, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o chamado Copom, se reúne e decide se a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, vai ficar estável, subir ou descer. Nos últimos meses, usada como medida para segurar a inflação do país, a Selic apenas sobe. No momento, está batendo 13,75% ao ano, uma das maiores taxas de juros do mundo. Mas a inflação, ao contrário do previsto na receita do governo, aumenta. Por quê? O que está dando errado?

A resposta é simples: este não é o remédio para este tipo de inflação. A receita de aumentar os juros para conter a inflação funciona quando existe um excesso de demanda e a produção e a oferta não conseguem acompanhá-la, ou seja, quando a capacidade de consumir é maior do que a de produzir. Com a elevação dos juros, o governo então inibe o consumo e diminui a pressão de aumento sobre os preços. Mas como esse não é o caso brasileiro no momento, ou seja, a economia está em desaquecimento, a inflação continua subindo e o país não cresce.

O aumento na taxa de juros está servindo para aumentar o desemprego, colocar os salários em queda e frear o investimento no país. Ninguém vai investir em produção se pode deixar o dinheiro parado no banco rendendo, com os juros altos.

CLEMENTE GANS LÚCIO
Sociólogo, diretor técnico do Dieese
(Departamento Intersindical de Estatísticas
e Estudos Socioeconomicos)

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #08