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Neutralidade em impeachment preserva caráter plural da central Força Sindical

Por Auris Sousa | 06 dez 2015

Assumida pelo presidente da Força Sindical, Miguel Torres, neutralidade da central em relação ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é respeitada pelos principais dirigentes da entidade; “A unidade da central fica preservada”, resumiu ao BR: o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos, José Pereira dos Santos; “Sou contra o impeachment de Dilma”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, Jorge Nazareno da Silva; “Para a central, no entanto, a neutralidade respeita a pluralidade interna”; presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e da Força Sindical no Paraná, Sergio Butka mandou produzir anúncio contrário ao impeachment para rede local de televisão; “Isso é um golpe para retirar conquistas e flexibilizar direitos dos trabalhadores”, afirma Butka; fundador da central, ex-deputado Luiz Antonio Medeiros se manifestou pelo twitter; “Miguel Torres adotou uma posição inteligente, de unidade”, registrou; vídeo com a posição da Força Paraná; mais opiniões /// Por meio do sindicalista Miguel Torres, presidente da Força Sindical, a central se declarou neutra em relação ao processo de impeachment aberto contra a presidente Dilma Rousseff, por iniciativa do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Ouvidos por BR:, os principais dirigentes da Força Sindical dão respaldo a essa posição.

Abaixo, a palavra de cada um:

José Pereira dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos: “Minha categoria é muito anti-PT, sem dúvida, e pretendo fazer uma enquete nas fábricas para entender no detalhe a posição dos trabalhadores sobre o impeachment. Estou certo, porém, que a posição de neutralidade da Força Sindical é a mais correta para esse momento. Nós não discutimos esse assunto internamente. Ao mesmo tempo, sabemos que a central tem no seu DNA a marca da pluralidade. A nossa central tem gente de diferentes partidos, e a neutralidade é uma forma de fazer com que todas as opiniões sejam respeitadas sem dividir a clase operária. Cada um pode ter a sua posição individualmente, mas até que haja uma reunião específica para discutir esse assunto, a neutralidade é uma posição segura. A Força Sindical, afinal, nasceu como esse compromisso de abrigar trabalhadores com pensamentos políticos diferentes, mas unidos pelos compromissos de defesa de suas categorias. Aos trabalhadores não interessa a desestabilização nem a derrubada de uma presidente eleita, porque já vimos esse filme em 1964 e sabemos quais foram os resultados”.

Jorge Nazareno Rodrigues, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco: “Minha posição é simples: sou contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ela foi eleita e seu mandato tem de ser respeitado. Essa é minha posição pessoal e, acredito, da totalidade da minha diretoria. Para a Força Sindical, a neutralidade é mesmo a posição mais correta, porque se trata de uma central que sempre foi muito contundente na defesa da pluralidade. Nossa central reúne militantes do PDT, do PSB, do PT, do PSDB, do Solidariedade, enfim, de uma gama muito grande de partidos políticos. São interesses diferentes, que merecem respeito. Tomar uma posição que atenda apenas um lado, seria muito ruim para a Força. Estaríamos assumindo um lado e, imediatamente, deixando todos os outros a descoberto. Com a neutralidade, as posições individuais ficam preservadas, sem a imposição de uma camisa de força. É exatamente essa proteção aos interesses diversos que faz da Força uma central plural, sem ligação direta a nenhum partido político”.

Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André: “Sou radicalmente contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff e vou defender essa posição dentro da Força Sindical. Derrubar a presidente eleita representaria um golpe que só beneficiaria as forças conservadoras e do atraso. Esse pessoal não vê a hora de atacar conquistas e direitos dos trabalhadores e o impeachment é tudo o que eles querem para assumir o poder sem passar pelo crivo popular. No nosso sindicato, vamos debater o que poderemos fazer para respaldar a presidente Dilma, de modo a que esse golpe não prospere”.

Sergio Luiz Leite, presidente do Sindicato dos Químicos de São Paulo e da Fequimfar: “A Força Sindical ainda não realizou nenhuma reunião com seus sindicatos para tirar uma posição única sobre a questão do impeachment. A neutralidade declarada pelo presidente Miguel Torres é a posição mais correta para preservar a unidade entre nossos filiados até que haja um debate mais aprofundado”.

Ruth Monteiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Vestuário da Baixada Santista: “A neutralidade da Força Sindical em relação ao impeachment é a posição mais correta. Desse modo, todos os militantes de partidos políticos dentro da central ficam à vontade para atuar a favor de suas posições, sem, no entanto, comprometer a central com essa ou aquela posição. O que importa para a central, realmente, são os sindicatos que ela representa, e não o governo ou os partidos políticos. Esses têm seus próprios interesses, que tantas e tantas vezes não são os da classe trabalhadora. A Força Sindical tem representatividade exatamente porque não se deixou atrelar a um partido político ou a um projeto de poder. Neste sentido, a neutralidade mantém a Força protegida dos interesses momentâneos e preparada para continuar atuando em nome de todos os trabalhadores, e não apenas aos ligados a esse ou àquela agremiação partidária”.

Euzébio Luís Pinto Neto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis e Lojas de Conveniência do Rio de Janeiro: “Eu sou radicalmente contra o impeachment, mas apoio o presidente Miguel Torres quando ele posiciona a nossa central numa posição de neutralidade. Afinal, há lideranças que pensam diferente. Marcar uma posição nesse caso só iria nos dividir, e a proposta da Força sempre foi a da unidade em meio à pluralidade. Não há dúvida de que o atual governo e a política econômica que ele pratica não atendem aos interesses dos trabalhadores, mas não é por isso que vamos apoiar um golpe. Esse impeachment que tentam submeter a Dilma é comandado por pessoas sem nenhuma credibilidade, como é o caso do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. A esta altura, todos já sabem quem ele é e a quais interesses está ligado. Ele trabalha movido pela ambição pessoal. Os que estão atrás dele nunca tiveram projeto para os trabalhadores e os menos favorecidos. Ficar contra o impeachment é igual a barrar esse golpismo e defender a democracia”. [Fonte: Brasil 2 Pontos] 

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #05