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Teste padronizado pela USP reforça elo entre zika e microcefalia

Por admin | 19 jan 2016

O resultado de um teste padronizado pela equipe da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo) reforça a tese de que o zika vírus está relacionado à microcefalia. O exame, feito com base na análise do sangue, identificou a presença de anticorpos neutralizantes de zika na mãe e em um bebê com a má-formação nascido na cidade paulista.

No fim do ano passado, o Ministério da Saúde estabeleceu a relação entre o aumento da microcefalia no Nordeste do país e a infecção pelo vírus Zika. Essa associação levou a OPAS/OMS (Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde) a emitir um alerta epidemiológico, atualizando as recomendações sobre a vigilância do vírus.

Confira abaixo respostas às principais dúvidas sobre o vísrus Zika e microcefalia elaboradas pela OPAS/OMS:

1. Como o vírus Zika afeta mulheres grávidas e fetos?

As grávidas têm o mesmo risco que o resto da população de serem infectadas com o vírus Zika, que é transmitido pela picada de um mosquito  contaminado. Muitas delas podem não saber que têm o vírus, por não terem apresentado sintomas. Apenas uma em cada quatro pessoas apresentam sintomas de infecção por zika e, entre as que são afetadas, a doença é geralmente leve.

Os sintomas mais comuns são febre e exantema (erupção cutânea ou urticária), muitas vezes acompanhados por conjuntivite, dores musculares ou nas articulações, com um mal-estar que começa entre dois e sete dias após a picada de um mosquito infectado.

Atualmente, está sendo investigado qual o efeito que esse vírus poderia ter sobre os fetos. No dia 28 de novembro de 2015, o Ministério da Saúde do Brasil estabeleceu a relação entre o aumento de microcefalia no Nordeste do país e a infecção por zika. Segundo a análise preliminar de investigação por parte das autoridades brasileiras, provavelmente o maior risco de aparição de microcefalia e malformações está associado à infecção no primeiro trimestre da gravidez. As autoridades de saúde, com apoio da OPAS e outras agências, estão realizando várias investigações que buscam esclarecer a causa, os fatores de risco e as consequências da microcefalia.

2. Existe tratamento para o Zika?

Não há vacina ou tratamento específico para a infecção por Zika. Por isso, o tratamento consiste em aliviar os sintomas, inclusive para as grávidas, que devem seguir as recomendações de seu médico. A OPAS/OMS recomenda às gestantes que façam as consultas pré-natais para receberem informação e serem acompanhadas.

3. O que se recomenda às gestantes que estão em áreas onde circula o Zika?

Todas as pessoas, incluindo grávidas e mulheres em idade reprodutiva, devem evitar a exposição a picadas de mosquito, por exemplo, usando roupas que cubram a pele (mangas compridas) e mosquiteiros tratados com inseticida, além dos repelentes indicados pelas autoridades de saúde (que devem ser utilizados, conforme as orientações do rótulo). Em cada residência e seus arredores, é muito importante buscar possíveis fontes de criadouros do mosquito e eliminá-los.

4. Gestantes podem viajar para uma área com circulação de Zika?

Antes de viajar, a grávida deve consultar o seu médico para aconselhamento sobre qual ação tomar. O principal é evitar picadas de mosquito para prevenir a infecção por Zika, dengue ou chikungunya. Nesse sentido, as gestantes e mulheres em idade reprodutiva devem seguir as mesmas recomendações para todos os viajantes:

– cobrir a pele exposta com mangas compridas, calças e chapéus;

– usar repelentes recomendados pelas autoridades de saúde e seguir as instruções de uso descritas no rótulo;

– ao dormir, tentar se proteger com mosquiteiros;

– buscar possíveis focos de criadouros do mosquito e eliminá-los.

As gestantes que viajarem para áreas onde circula o Zika devem mencionar isso durante suas consultas pré-natais.

5. O que se recomenda para mulheres em idade reprodutiva em relação a gravidezes futuras nas áreas onde circula o vírus?

A OPAS/OMS recomenda que tomem as medidas preventivas necessárias para evitar picadas de mosquitos, os quais podem transmitir, além de Zika, outras doenças como dengue e chikungunya.

6. Pode ser transmitido de mãe para filho?

As informações sobre a transmissão de mãe para filho durante a gravidez ou no momento do nascimento são muito limitadas. A transmissão perinatal tem sido relatada com vírus transmitidos por vetores, como dengue e chikungunya. No momento, estão em curso estudos sobre a possível transmissão do vírus da mãe para o bebê e seus possíveis efeitos sobre a criança. Os serviços de saúde devem acompanhar as gestantes em geral e, particularmente, aquelas com sintomas de infecção por Zika.

7. O Zika pode causar defeitos congênitos, como microcefalia?

Em alguns estados do Brasil onde o Zika circulou alguns meses atrás foi notificado um aumento de casos de recém-nascidos com microcefalia muito superior ao registrado em anos anteriores. De acordo com a análise preliminar da investigação realizada pelas autoridades brasileiras, provavelmente o risco de aparição de microcefalia e malformações estaria associado com a infecção no primeiro trimestre da gravidez. As autoridades de saúde, com apoio da OPAS e outras agências, estão realizando várias investigações que buscam esclarecer a causa, os fatores de risco e as consequências da microcefalia.

A OPAS/OMS orienta que os países continuem a promover o acesso das mulheres grávidas ao pré-natal. Também se recomenda que gestantes e mulheres em idade fértil evitem a exposição a picadas de mosquito.

8. O que é microcefalia congênita?

Microcefalia é uma condição rara, cujas causas podem ser genéticas ou ambientais (relacionadas à toxicidade, radiação ou infecção). É definida como uma condição ao nascer em que a circunferência craniana ou perímetro cefálico é menor do que o esperado para a idade no momento do nascimento e o sexo.

A microcefalia congênita pode se apresentar como uma condição isolada ou associada a outras condições de gravidade variável, que pode causar desde convulsões, dificuldade de alimentação e efeitos sobre o desenvolvimento da criança, até risco de morte.

É muito difícil saber as consequências da microcefalia no momento do nascimento, o que exige um acompanhamento e avaliação de recém-nascidos, com acompanhamento e avaliações subsequentes. Não há tratamento específico para a microcefalia. O cuidado deve focar em vigilância, promoção e maximização das capacidades das crianças.

9. Como se confirma que um bebê tem microcefalia?

A medida mais confiável para avaliar se um bebê tem microcefalia é medir a circunferência da cabeça no momento do nascimento e, novamente, 24 horas após o nascimento. Se o diagnóstico de microcefalia for feito, uma equipe multidisciplinar de saúde deve iniciar um processo de acompanhamento e monitoramento da criança.

As mulheres grávidas devem comparecer regularmente ao acompanhamento pré-natal e o profissional de saúde recomendará os exames necessários em cada fase da gestação.

10. O que tem sido feito para determinar a relação entre estas doenças e o Zika?

A OPAS está apoiando o Ministério da Saúde no monitoramento e resposta ao surto de microcefalia. Existem várias investigações em curso encomendadas pelo ministério, que buscam esclarecer as causas, fatores de risco e consequências da microcefalia. Estão sendo estudados todos os cenários, incluindo aqueles relacionados a substâncias tóxicas, medicamentos, fatores genéticos e outros agentes infecciosos. Até o momento, o mais plausível é a associação com o Zika, entre outros fatores, pela associação no tempo e no espaço dos surtos de Zika e microcefalia.

A OPAS também está comunicando oportunamente a todos os países da região, assim como promovendo as mensagens de prevenção e controle de doenças transmitidas por vetores, com ênfase em medidas de proteção pessoal a serem tomadas pelas gestantes. [Foto: Agência Brasil] 

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18