FIQUE SÓCIO!

Notícias
COMPARTILHAR

ONG carioca processa Alckmin por chacina de Osasco

Por Rede Brasil Atual | 20 out 2015

A Rio da Paz, ONG carioca, abriu nesta terça-feira, 20, uma ação judicial contra o governo Geraldo Alckmin, de São Paulo, cobrando pagamento imediato de pensão, tratamento médico e psicológico e indenização por danos morais às famílias de três vítimas e um sobrevivente da chacina de Osasco – episódio em que 19 pessoas foram assassinadas em uma série de ataques orquestrados pela Polícia Militar em Osasco, Barueri e Itapevi, na Região Metropolitana de São Paulo, em 13 de agosto.

Em 13 de agosto, chacina em Osasco e Barueri deixou 19 mortos

Em 13 de agosto, chacina em Osasco e Barueri deixou 19 mortos

No último dia 8, cinco policiais militares e um coordenador da Guarda Civil de Barueri foram presos durante a força-tarefa que investiga o caso por envolvimento no episódio. Na casa deles, foram encontradas armas e munições sem registro. Outro policial militar já havia sido preso no final de agosto por envolvimento no crime. A principal hipótese é que a série de assassinatos – que vitimaram pessoas sem qualquer ligação com o crime ou com a polícia – tenha ocorrido em um acerto de contas pela morte de um policial militar em Osasco.

As famílias de três vítimas fatais e um sobrevivente procuraram a ONG, que redigiu a ação judicial. “Vamos exigir, para todos, um pensionamento por morte ou lesão corporal. Para os que foram a óbito, cobrar que o estado ressarça todos os custos do funeral, além de indenização por danos morais, levando em conta a gravidade do ocorrido”, afirma o advogado responsável, João Tancredo, que atua em casos como os assassinatos do pedreiro Amarildo Dias de Souza e da dona de casa Claudia Silva Ferreira, ambos praticados pela polícia.

No caso de um dos jovens assassinados, chamado Jailton Viera da Silva, a ação judicial também cobrará atendimento psicológico à família. “Ele era estoquista, morava com a mãe, as três filhas, o padrasto e o irmão, e era quem mantinha a família com seu trabalho. No ano passado a mãe dele teve uma AVC (acidente vascular cerebral) e ele chegou a largar o trabalho para cuidar dela, que se recuperou muito bem. Agora, após a morte do jovem, sua avó também teve um AVC. Temos nessa casa quatro crianças e nenhuma renda. Eles estão todos muito mal emocionalmente, em uma situação de muita tristeza e muito sofrimento”, diz Tancredo.

Apenas um sobrevivente recorreu à Justiça: Diogo Freire Rodrigues, que foi atingido por um tiro no pé e enfrenta complicações com o ferimento. “No momento em que foi atingido ele caiu em cima de uma jovem, menor de idade, que também foi baleada na perna. Enquanto eles estavam no chão, os assassinos deram oito tirou em cada uma das pessoas ao lado deles. Uma delas sobreviveu”, diz o advogado. “O que chama a atenção nesse caso é a perversidade dos assassinatos. É muito chocante: as vítimas levaram muitos tiros, de uma forma muito cruel.”

“Muitos familiares das vítimas adquiriram uma conscientização política impressionante depois do ocorrido. Eles estão se organizando em um movimento, em uma entidade de luta, nos moldes das Mães de Maio”, conta Tancredo. “Tudo isso tem um efeito emocional devastador sobre as famílias. Enterrar um filho é muito difícil para qualquer mãe, mais ainda com essa conduta criminosa da polícia e com todas as negativas do governo do estado, que em um primeiro momento defendia que os autores não eram policiais. Isso gera muita revolta.”

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #04