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Para 65,1%, mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas

Por Auris Sousa | 01 abr 2014

A população tende a responsabilizar as mulheres por casos de estupro. É o que mostra a pesquisa divulgada na quinta-feira, 27, pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sobre tolerância social à violência contra as mulheres. Segundo ela, 65,1% concordam totalmente ou parcialmente com a afirmação “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”.

Em relação a este assunto, o estudo mostra que 24% discordam totalmente, 8,4% discordam parcialmente e 2,5% se declaram neutros. As respostas da afirmação “Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros” também causam espantos. Isso porque 58,5% dos entrevistados concordam com ela. Já 37,9% discordam totalmente, 30,3% parcialmente (7,6%) da afirmação – 3,6% se dizem neutros em relação à questão.

O Ipea conclui que, por trás dessas afirmações, “está a noção de que os homens não conseguem controlar seus apetites sexuais; então, as mulheres, que os provocam, é que deveriam saber se comportar, e não os estupradores”.

Por trás destas afirmações estão uma forte demonstração de machismo e, ao mesmo tempo, de autoritarismo. Isto porque elas pretendem responsabilizar a mulher por ter sofrido um crime e, além disso, dita a forma com que ela deve se vestir e comportar.

Sul e Sudeste – O levantamento mostrou que as pessoas residentes no sul/suldeste e jovens têm menores chances de concordar com a culpabilização do comportamento feminino pela violência sexual, que também são menores inversamente ao nível educacional dos entrevistados.

Outros dados – A pesquisa também aborda a violência sexual contra crianças. Segundo ela, cerca de 70% das vítimas desse tipo de agressão são crianças e adolescentes.

No âmbito familiar, o estudo mostra que 63% dos entrevistado concordaram, total ou parcialmente, que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família”, 89% dos entrevistados tenderam a concordar que “a roupa suja deve ser lavada em casa” e 82% que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”.

No que tange as relações sexuais, 54% discordam totalmente da ideia de que “a mulher casada deve satisfazer o marido na cama, mesmo quando não tem vontade” enquanto 14% concordam totalmente com a afirmação e 27,2% concordaram total ou parcialmente.

PESQUISA – A pesquisa ouviu 3.810 pessoas em todas as regiões do País. Clique aqui e tenha acesso ao estudo completo.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18