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Entrevista: Nível maior de escolaridade pode favorecer mulheres na ocupação de cargos de liderança

Por Auris Sousa | 25 mar 2014

Em entrevista ao Sindmetal, a técnica da subseção do Dieese da Força Sindical (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Camila Ikuta, falou sobre a posição das mulheres em cargos de liderança, os fatores que colaboram para que elas conquistem cargos de decisão, e como a função de líder pode alterar a composição familiar. 

Sindmetal – O que falta para as mulheres alcançarem mais cargos de liderança nas empresas?

Camila Ikuta –  Ainda persistem muitas desigualdades de gênero no mercado de trabalho, principalmente de diferenças salariais e de posição na ocupação (com relação a este último, as mulheres ainda ocupam poucos cargos de direção/decisão, em comparação com os homens). No entanto, como se percebe nas pesquisas da população, as mulheres possuem um nível maior de escolaridade do que os homens, fator que favoreceria a ocupação em cargos mais qualificados e que não justifica essa desigualdade existente hoje.

Sindmetal – Quais fatores podem contribuir para que as mulheres conquistem cargos de decisão?

Camila Ikuta – Pode-se dizer que alguns dos fatores que permitiriam um maior alcance das mulheres para cargos de decisão nas empresas são: 1) políticas, leis e convenções que conciliem a vida profissional e vida pessoal das mulheres, de forma a combater as desigualdades de gênero presentes hoje; 2) consciência da necessidade de divisão de tarefas domésticas entre homens e mulheres, evitando uma sobrecarga de jornadas por parte da mulher (profissional + doméstica), o que impede maiores investimentos na carreira e qualificação profissional.

Sindmetal – Quais são as maneiras mais eficientes para as empresas aumentarem a presença das mulheres, especialmente em posições de liderança?

Camila Ikuta – Não há como especificar “maneiras mais eficientes”, mas pode-se dizer que uma das alternativas para que as empresas aumentem a presença de mulheres em cargos de liderança seria através do incentivo e oferta de programas de qualificação profissional, inclusive no horário de trabalho. Já que fora do horário de trabalho, a mulher sofre o problema da falta de tempo pela sobrecarga de uma “segunda jornada de trabalho”, a jornada de tarefas domésticas. Outra questão importante seria no campo simbólico, no sentido de conscientizar para superar o preconceito ainda existente em relação ao potencial das mulheres em alcançar e exercer cargos de liderança.

Sindmetal – Você acha que a possibilidade de as mulheres atingirem mais posições de liderança deve afetar o comportamento das famílias?

Camila Ikuta – O aumento de mulheres em posições de liderança pode afetar a composição familiar em relação ao seu modelo “tradicional”, em que o homem chefia (aqui no sentido econômico, financeiro) a família.

Como isso deve impactar na sociedade?

Nos últimos anos tem crescido o número de mulheres que passaram a chefiar as famílias. De certa forma esse novo modelo reflete novas formas de empoderamento da mulher na sociedade, conquistando maior autonomia, visibilidade e superando barreiras que tradicionalmente impediam a mulher de se emancipar, como por exemplo a barreira econômica.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18