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Companheiras discutem desafios e unem forças na 5ª Estação Mulher

Por Auris Sousa | 25 mar 2024

A interação e compartilhamento de experiências marcaram a 5ª edição da Estação Mulher Metalúrgica, que aconteceu no sábado, 23, no Metalcube. Foi diante dos desafios apresentados, ao longo do encontro, que falas de indignação e vozes empoderadas ecoaram pelo espaço.

5ª Estação Mulher discutiu Igualdade Salarial e Brasil sem Misoginia [Foto: Bianca Lage]

Logo na abertura, o presidente do Sindicato, Gilberto Almazan (Ratinho), destacou a importância de as companheiras fortalecerem a organização dentro e fora das fábricas. “Este momento é extremamente importante para a gente ter muito mais conquistas, temos algumas cláusulas na convenção especificas para as mulheres, mas ainda são poucas diante da discriminação, pela diferença salarial, pela violência contra mulher. Por isso a importância da gente voltar a organizar de forma muito forte, para termos mais conquistas”.

Presidente do Sindicato, Gilberto Almazan (Ratinho, dá boas vindas as companheiras [Foto: Bianca Lage]

Por meio de uma estimulação das diretoras do Sindicato que, distribuíram entre as trabalhadoras imagens relacionadas ao universo feminino, os debates iniciaram. Uma companheira do Tamboré, por exemplo, foi provocada a levantar a questão da desigualdade salarial: “infelizmente mesmo na mesma função, hoje, a gente [mulheres] tem a divergência de salários, mesmo quando entregamos os mesmos resultados ou até melhores”.

Creusa, Mônica, Jeane e Etelvina (Teca) durante a Estação Mulher [Foto: Bianca Lage]

Em seguida, Renata Filgueiras, técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), explicou que esta é uma realidade do mercado de trabalho também presente no setor metalúrgico. “Na categoria metalúrgica, as mulheres recebem, em média, 21,2% a menos que os homens. A diferença aumenta para 36% quando elas são escolarizadas, quando tem superior completo”, destaca.

Lei – Para barrar esta desigualdade, hoje, as mulheres contam com a Lei da Igualdade Salarial. Sancionada em julho de 2023, ela prevê que empresas com mais de 100 trabalhadores devem adotar medidas para garantir essa igualdade, incluindo transparência salarial, fiscalização contra discriminação, canais de denúncia, programas de diversidade e inclusão, e apoio à capacitação de mulheres.

Maria Auxiliadora, membro do CDESS (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável do Governo Federal), fala sobre a Lei da Igualdade Salarial [Foto: Bianca Lage]

No entanto, os patrões têm mostrado resistência e, inclusive, entrado com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para flexibilizar a legislação. A vice-presidente do Sindicato, Mônica Veloso, então, explicou que as centrais sindicais estão se movimentando para barrar. “A diferença salarial é uma misoginia para as trabalhadoras do Brasil. Vamos ter que cobrar muito para termos esta lei cumprida, este é o papel fundamental do movimento sindical e as mulheres precisarão estar ainda mais unidas”, reforçou Maria Auxiliadora, que, assim como Mônica, faz parte do CDESS (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável do Governo Federal).

Misoginia – Uma outra companheira, de Vargem Grande Paulista, foi estimulada a falar sobre a questão da violência contra as mulheres. “Tem muitos homens que acham que as mulheres são obrigadas a fazer tudo que eles querem. Quando a mulher não aceita, eles batem”, observou ela.

Lú Varjão, vice-presidente da IndustriALL Global Union e presidente da Casa Margarida Barreto, então compartilhou que, na primeira semana de funcionamento, a Casa Margarida Barreto recebeu 10 vítimas de violência. A ONG (Organização Não Governamental), inaugurada em 9 de março, atua na luta pela equidade de gênero, combate à violência de mulheres e pessoas LGBTQIA+. Lú Varjão, então, observou:

“A violência está tão presente e tão do nosso lado que a gente não percebe. Cada vez que a gente se junta, para discutir temas pela igualdade e contra a violência, a gente se fortalece”, disse ela que em seguida observou a forma que uma outra companheira de Barueri definiu a Misoginia: “Excelente a forma como você definiu a misoginia: é pelo fato de sermos mulheres que somos tão violentadas”.

Lú Varjão, vice-presidente da IndustriALL Global Union e presidente da Casa Margarida Barreto [Foto: Bianca Lage]

A questão da independência feminina foi destacada como um dos caminhos para o combate a violência e, para que esta independência seja conquistada, Janiléia Silva, membro do Fomesp-Oeste, apresentou a economia solidário como uma das alternativas.  

Coletivo: No final do encontro, as companheiras foram convidadas a participar da reunião do Coletivo Mulheres Sindmetal, que vai acontecer em 20 de abril na sede do Sindicato, das 9h às 12h.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #27