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Cobrasma contribuiu e lucrou com a ditadura, mostra pesquisa

Por Auris Sousa | 07 jun 2023

Mais um capítulo da atuação da Cobrasma, em Osasco, na ditadura militar do Brasil (1964-1985) vem à tona. Pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) sobre a participação da metalúrgica no regime militar concluiu que a empresa, além de colaborar com a repressão, lucrou milhões com o período de chumbo. A constatação foi apresentada nesta terça-feira, 6, durante o I Seminário Ditadura, Empresas e Violações de Direitos, realizado pela Unifesp com a participação do Ministério Público.

As informações fazem parte da pesquisa “A responsabilidade de empresas por violações de direitos durante a Ditadura”, conduzida pela Unifesp que investiga a participação de outras onze empresas no regime ditatorial. O professor Murilo Leal é um dos coordenadores da pesquisa focada na Cobrasma.

Professor Murilo Leal apresenta conclusões da pesquisa sobre o envolvimento da Cobrasma na ditadura

Segundo os relatórios da pesquisa, a Cobrasma recebeu, por diversas vezes, incentivos fiscais do estado ditatorial para ampliação de seus negócios. Entre eles, o valor de 60 milhões de cruzeiros, por parte do CDI (Conselho de Desenvolvimento Industrial), para, na época, investir na ampliação de sua capacidade produtiva, nas áreas de equipamentos para o setor petroquímico e de vagões siderúrgicos. Só na implementação do Complexo Sumaré-Hortolândia, a empresa teria investido, cerca de US$ 2 bilhões, 40% desse montante teriam saído do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Violações de direitos

Em março deste ano, o professor Murilo já havia compartilhado com o Sindicato que, com a Pesquisa, “foi possível documentar a relação da Cobrasma com a articulação para execução do golpe civil-militar no Brasil”. Nesta terça, 6, o pesquisador também detalhou as violações de direitos durante a ditadura praticadas pela empresa:

1 – Colaboração Material-Financeira;

2 – Controle Social e Perseguição política aos Trabalhadores;

3 – Violação dos Direitos dos Trabalhadores;

4 – Colaboração da empresa com órgãos de repressão para a vigilância dos trabalhadores.

Presidente do Sindicato, Gilberto Almazan (Ratinho), e o diretor Marcelo Mendes acompanham apresentação das conclusões

Para chegar a estas conclusões, por dois anos, os pesquisadores realizaram entrevistas, analisaram de forma intensa documentos e depoimentos de vítimas, entre elas, ex-diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região. As pesquisas são realizadas em diversos locais, como no Arquivo do Estado de São Paulo, no Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e no Cedoc do Sindicato.

“As informações são valiosas, agora, vamos analisar a pesquisa e decidir os rumos que seguiremos por memória, verdade, justiça e reparação”, disse o presidente do Sindicato, Gilberto Almazan (Ratinho).

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Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #07