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Montadoras, refinarias, siderúrgicas paradas: o operariado entra em cena

Por Auris Sousa | 28 abr 2017

Os principais pólos da indústria pesada do país paralisaram nessa sexta feira, como parte da greve geral convocada contra a reforma da previdência e os ataques do Temer. Trabalhadores que mantém setores estratégicos da economia nacional se enfrentaram com toda a pressão e o assédio que a patronal impõe e pararam suas atividades contra as medidas reacionárias do governo. Em alguns locais ainda se enfrentaram com a repressão policial, como em Cubatão. A paralisação foi história em suas proporções.

Em uma das maiores paralisações em décadas no pais, com diversas categorias paradas, os setores industriais paralisaram as principais concentrações operárias do Brasil, a região do ABC paulista, Curitiba, Camaçari, Manaus, grande Belo Horizonte, além de outras cidades importantes.

Segundo o jornal O Globo, na região do ABC paulista, a adesão à greve foi de 85% dos metalúrgicos, paralisando as cinco principais montadoras de veículos da região, a Volkswagen, Mercedes-Benz, Ford, Scania (todas localizadas em São Bernardo) e General Motors (São Caetano). Cerca de 60 mil operários não foram trabalhar de uma base de 70 mil pessoas, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Em Osasco os metalúrgicos de fábricas, como Meritor, Belgo, Metalsa, e Cinpal, em Taboão da Serra e os metalúrgicos de Taubaté também estão na greve desta sexta-feira, 28. A empresa Basf, em São Bernardo do Campo, paralisou, tendo aproximadamente 1.000 trabalhadores que atuam nos três turnos de trabalho.

Local das mais importantes concentrações da indústria pesada, Cubatão teve paralisações atingindo a refinaria RPBC e indústrias químicas e da metalurgia.

Mais diversas das maiores indústrias no estado de São Paulo, paralisaram a produção, como:a Acrilex, Dovac-Lukscolor, a química Lazzuril em São Bernardo do Campo, trabalhadores da Eletronorte, em Araraquara, bloqueiam as ruas da cidade em adesão à greve. Na região de Mogi das Cruzes a Sintramog paralisou, em Campinas, integrantes do Sindicato da Construção Civil manifestam-se em obra da construtura Brookfield.

Em Curitiba os operários da Bosch, CNH, Volvo, das montadoras Renault e Volkswagen aderiram a paralisação e bloquearam diversas rodovias. Os metalúrgicos da Renault bloquearam a BR-277 com uma barreira de pneus e fogo. Na cidade de Caxias do Sul a gigante Marco Pólo, com cerca de 10 mil metalúrgicos parou os dois turnos, assim como outras fábricas menores.

Em Pernambuco houve adesão também de metalúrgicos, petroleiros, químicos, indústria naval, construção pesada, mais de 1600 trabalhadores do estaleiro Vard aprovaram a paralisação contra as reformas do governo Temer. Pela manhã os trabalhadores do estaleiro Vard Promar em Suape-Pernambuco, não foram trabalhar, são mais de 1600 trabalhadores no Vard.

No Rio de Janeiro na madrugada desta sexta-feira (28), amanheceu com o sistemas de barcas e de transporte do VLT fechados. Em Volta Redonda, as quatro entradas da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) foram bloqueadas por volta das 5 horas da manhã.

Em Minas Gerais, a multinacional Vallourec (ex-Mannesmann) amanheceu totalmente paralisada. Metalúrgicos, professores, estudantes, junto a sindicatos e organizações da esquerda, fecharam ruas no entorno da fábrica e as diversas portarias, recebendo o apoio contundente dos trabalhadores efetivos e terceirizados.
Após o atraso de todo o turno da manhã, que ficou paralisado cerca de três horas, a patronal utilizou a força policial para forçar a entrada dos trabalhadores na fábrica em duas das portarias da empresa, disparando balas de borracha contra os manifestantes para conseguir desbloquear as entradas.

No pólo de Camaçari, participaram da greve: o Sindiquímica (Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Químico), Sindilimp (Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza), Sinditiccc (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Camaçari), Sindicato dos Metalúrgicos, Sindimetropolitano, Sindiborracha (Sindicato dos Trabalhadores da Borracha), Sindicelpa (Sindicato dos Trabalhadores do Papel).

Em Manaus desde às 4h, as rotatórias da Suframa e do Armando Mendes, que dão acesso ao Distrito Industrial de Manaus, foram parcialmente interditadas por integrantes do Sindicato dos Transportes Especiais, Metalúrgicos e dos Plásticos.

Petroleiros tiveram uma forte paralisação em varias regiões do território nacional, em Duque de Caxias (Reduc), Mauá/SP (Recap), Campinas/SP (Replan), Minas Gerais (Regap), Pernambuco (Abreu e Lima) e Ceará (Lubnor), os trabalhadores não entraram na troca de turno. Também na Fábrica de Fertilizantes de Araucária/PR (Fafen/PR), na Usina Termoelétrica Gov. Leonel Brizola/RJ e nos terminais de Cabiúnas (Macaé), Suape (Pernambuco), Campos Elíseos (Duque de Caxias), Guararema (SP), Guarulhos (SP), Barueri (SP) e São Caetano (SP), nenhum petroleiro entrou para trabalhar.

Na Bacia de Campos trabalhadores de 29 plataformas da Petrobras interromperam suas atividades. Os gerentes mantiveram realizando procedimentos essenciais para garantir a segurança nas unidades.

Esses são alguns dados da paralisação operária pelo pais, contudo há muito mais industrias e regiões onde tiveram paralisações e cortes de rodovia realizados pelos operários. Mostrando uma forte composição operaria na greve que só não foi maior e coordenada pelos freios da burocracia sindical. As centrais sindicais foram obrigadas a parar pela própria pressão da base operaria que vem de um período de recomposição da sua consciência política e de luta, contudo ainda são um freio para que os trabalhadores tomem uma política independente e se organizem pela base articulando ações de forças.

As importantes paralisações e greves mostram a força dos trabalhadores, contudo as centrais por não terem o objetivo político de derrotar o Temer e suas reformas, mas sim de fazer uma “barganha” com algumas demandas, mantiveram as ações operárias em piquetes e alguns cortes de rodovia, mas não articularam as categorias para fazer fortes demonstrações de forças e seguir na greve.

A Força Sindical, que dirige setores importantes, está pressionada a se mover contudo quer usar da sua influencia para fazer algumas mudanças na reforma da previdência e trabalhista, como a manutenção do imposto sindical do qual ela usa para se enriquecer e se encastelar como órgão burocrático e freio ao desenvolvimento da luta. O partido do Paulinho da Força, o Solidariedade, chegou a cogitar se aliar a Renan Calheiros para modificar a reforma trabalhista, mantendo parte dos ataques.

Já a CUT e CTB, que são ligadas ao petismo, querem desviar a luta para a saída de eleger o Lula em 2018, limitando a luta para uma saída parlamentar, que está longe de questionar os pilares do regime e do capitalismo que são a base das reformas, do desemprego e da exploração que os trabalhadores vivem. A força que os trabalhadores colocaram nesse dia 28, mostra que é possível e preciso superar a estratégia dessas entidades sindicais, superar essas direções para a partir da auto-organização derrotar Temer e suas reformas e impor uma nova assembléia constituinte que questione e combata esse sistema, para sejam que os capitalistas paguem pela crise. [Fonte: Esquerda Diário]

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18