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Ato resgata e fortalece luta por saúde e segurança

Por Auris Sousa | 30 abr 2019

Protestos somados com muita disposição de luta marcaram o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho celebrado no sábado, 27, na sede. Organizado pelos sindicatos e Associações da região, em parceria com o Cissor (Conselho Intersindical Saúde e Seguridade Social), a atividade reuniu trabalhadores de diversas categorias, resgatou e fortaleceu a luta por saúde e segurança na região.

Laurie Kazan-Allen, coordenadora do Secretariado Internacional do Banimento do Amianto na Inglaterra, agradeceu a luta do Sindicato pelo banimento do amianto

Foi da delegação internacional pelo banimento do Amianto na Ásia que soou um dos pedidos de socorro. O grupo passou e protestou por vários estados do país contra o envio da fibra brasileira para seus países. Isto porque, apesar do amianto ter sido banido do Brasil em 2017, a sua exportação ainda é permitida, e acontece de forma voraz para alguns países, como Tailândia, Índia e Indonésia.

Para Firman Budiawan, da Rede do Banimento do Amianto na Indonésia, é importante que o Brasil continue na luta pelo fim da exportação para outros países. “A indonésia é o segundo país do mundo que mais consome amianto. O Brasil é o terceiro maior exportador para Indonésia. A luta pela saúde, pelo fim do amianto dentro e fora deste país tem que ser permanente”, destaca.

Delegação presenteou o Sindicato com uma bandeira, estampada com a frase de socorro: “Parem de exportar o amianto brasileiro para a Ásia – mortes por amianto nunca mais”

Laurie Kazan-Allen, coordenadora do Secretariado Internacional do Banimento do Amianto na Inglaterra, agradeceu a luta do Sindicato contra o amianto e presenteou a entidade com uma bandeira, estampada com a frase de socorro: “Parem de exportar o amianto brasileiro para a Ásia – mortes por amianto nunca mais”.

“Nos cumprimentamos os sindicatos de Osasco pela luta contra o amianto. Uma batalha foi ganha, mas a guerra ainda não terminou. Nós sabemos que vocês continuarão com esta luta de proteger a todos do amianto mortal. Por favor, continuem ajudando seus irmãos e irmãs da Ásia nesta luta. O direito de um é o direito de todos. A luta continua!”, enfatizou Laurien.

Senadores articulam liberação do amianto; luta contra a fibra não pode parar

Parte desta luta esta narrada no livro “Eternidade – A Construção Social do Banimento do Amianto no Brasil”, lançado pelos membros da Abrea (Associação Brasileira Dos Expostos Ao Amianto) de vários estados do Brasil, coordenados por Fernando Giannasi e Eliezer João de Souza.

Enquanto sindicatos, associações e trabalhadores pediam pelo fim de vez do amianto, no mesmo dia, senadores visitavam trabalhadores de mineradora em Minaçu, em Goias, e pediam a liberação da fibra. 

Luta por saúde e segurança

“Temos que unir ainda mais as nossas forças para acabar com esta lógica de sobrepor o lucro à vida. Hoje além de trabalhadores de diversas categorias, a nossa luta ganha a participação de uma delegação internacional, que assim como nós não tem poupado esforços para garantir a segurança no local de trabalho”, ressaltou o presidente do Sindicato, Jorge Nazareno.

Presidente do Sindicato, Jorge Nazareno, ressalta a importância de reforçar a luta pela saúde e segurança no local de trabalho

Vários sindicatos, associações, lideranças políticas e membros da delegação internacional pelo o banimento do amianto se manifestaram. “É impressionante, além da quantidade de pessoas, a forma como os sindicatos se uniram e chamaram outras entidades, como a do amianto e mercúrio, para construir ações em conjunto”, destacou Sugio Furuya, coordenador da Rede Asiática de Banimento de Amianto.

Para ele, um ambiente de trabalho seguro nunca será alcançado, se os trabalhadores não lutarem por ele. “É muito importante que esta luta por um ambiente de trabalho seguro e sadio seja espalhada para que todos tenham a consciência da importância, antes que os problemas aconteçam”, reforçou.

Vítimas de acidentes

Gilmar faz parte das estatísticas de acidente de trabalho

Outro ponto alto da atividade foi o relato das vítimas de acidentes e doenças do trabalho. Neste momento, homens e mulheres relataram sua história, sua luta pela sobrevivência, superação e adaptação. Eles reconheceram a importância dos sindicatos, associações nestes processos.  Indignados, também demonstraram a importância de reforçar a luta para que as estatísticas diminuam.

“Prestem mais atenção em quem está do seu lado. Temos que proteger uns aos outros. Só quem sofre um acidente sabe como é”, alertou o companheiro Gilmar, que após sofrer acidente, teve sua perna amputada em decorrência de uma infecção hospitalar.

Isleida teve que aprender a viver sem a mão direita

Sobre as dores física e emocional de ser acidentada, Isleida da Matta conhece bem. Há 16 anos, teve a mão direita amputada, após ela ter sido esmagada por um moinho, quando trabalhava na metalúrgica Michel Merheje.  

“A adaptação foi muito difícil, foi um processo muito longo. Até hoje sinto dores. Temos que exigir mais segurança nas empresas, um simples dispositivo de segurança poderia ter evitado tudo isso”, lamenta Isleida.

Estatísticas

Daniela apresentou dados assustadores sobre acidentes e doenças do trabalho

A luta por segurança é permanente. O Brasil registra uma morte por acidente de trabalho a cada três horas, 38 minutos e 43 segundos. A cada 48 segundos uma pessoa sofre um acidente. Segundo o Observatório Digital de Segurança e Saúde do Trabalho, entre 2012 e 2017 foram contabilizados 14.412 mortes e 4,26 milhões de acidentes de trabalho. Os dados foram apresentados pela Daniela Correia, técnica do Diesat (Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho).

“Trabalhar na formação política crítica dos trabalhadores é essencial. Fortalecer os trabalhadores, bem como sua participação nos conselhos e comissões também. A luta contra o amianto no Brasil é uma expressão da consciência de que se trabalharmos numa pauta única, teremos grandes avanços”, avalia Daniela.

Alex da Força apresentou o plano de ações das centrais pela inclusão de pessoas com deficiência

Reforma da Previdência e Inclusão

Os impactos da reforma da Previdência na vida dos trabalhadores apresentados por Altair Garcia, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). “Aposentar mais tarde, contribuir por mais tempo, pagar mais e na hora de receber, aqueles que vão receber, vão receber menos. Este é o resumo da obra”, disse Altair, após detalhar alguns pontos da proposta.

Os participantes fizeram questão de assinar o abaixo-assinado contra a reforma. Criado pelas centrais, a lista será entregue ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. A intenção é pressionar os parlamentares a votarem contra este projeto que só retarda e diminui o valor da aposentadoria dos brasileiros.

Atividade foi encerrada com uma linda apresentação de flauta

Após pedir um minuto de silêncio, em memória das vítimas que morreram, o diretor do Sindicato Alex da Força apresentou o plano de ação sindical em relação ao trabalho decente para pessoas com deficiência no Brasil, aprovado pelas centrais sindicais durante seminário da OIT (Organização Internacional do Trabalho). “Nosso compromisso é que ele saia do papel e se torne realidade”, enfatizou Alex da Força.

O encontro foi encerrado ao som do flautista e economista Edgar da Nóbrega, que apresentou várias canções.

 

 

 

 

 

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18