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Trabalhadores da Cobrasma relatam relação da empresa com a ditadura

Por Auris Sousa | 03 mar 2015

Em depoimento na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), na sexta-feira, 27, antigos trabalhadores da Cobrasma relataram à Comissão da Verdade que a empresa colaborou com o regime militar, principalmente durante a repressão à greve de julho de 1968, em Osasco. A repressão aconteceu por meio de prisões e tortura dos trabalhadores que participaram da paralisação.

Espinosa e Candido relataram suas lembras sobre a Cobrasma durante a ditadura

Para dar força ao relato dos companheiros, o Sindicato apresentou à Comissão documentos da época que mostram que a Cobrasma forneceu aos agentes do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) os nomes das pessoas que organizaram e participaram da greve.

O companheiro João Batista Candido foi um dos metalúrgicos perseguidos pela repressão. Em seu depoimento, Candido fez questão de pontuar a situação dos trabalhadores dentro da fábrica. “Não tinha restaurante, nem refeitório, eu levava o meu lanchinho. Tinha insalubridade, insegurança. Assisti a três mortes dentro da fábrica em acidente, numa dessas já estávamos organizados [por meio da comissão de fábrica]”, relatou Candido, durante a audiência.

O professor Antonio Roberto Espinosa, que trabalhou por seis anos na Fundição da Cobrasma, também contribuiu com a audiência. “Sou nascido em Osasco, sou testemunha entre a relação de repressão das empresas ainda antes do golpe militar”, explicou Espinoza.

Sobre a Cobrasma ele contou: “Era uma fábrica emblemática, para os dois lados. Pro lado dos trabalhadores, era uma fábrica que tinha um grande contingente. Era também uma fábrica com grande tradição de luta. E era um espaço estratégico para o governo, principalmente com a forjaria, para a fabricação de vagões de trens. Era, portanto, uma empresa, que rapidamente, poderia ser transformada em fábrica de equipamentos militares, de armas. Nela poderia ser fabricado tanques de guerra, por exemplo”, enfatizou.

Outro lado – Foi reproduzido na audiência o depoimento de Luís Eulálio de Bueno Vidigal Filho, diretor da Cobrasma em 1968, afeito a Comissão Municipal da Verdade de Osasco.

Nele, o empresário nega que a empresa tenha fornecido nomes para o Dops. “Se o Roberto não soube responder, eu muito menos”, afirmou Vidigal, ao se referir ao depoimento dado por Roberto Luiz Pinto Silva, naquela época responsável pelo departamento pessoal da empresa.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18