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Trabalhadores cobram fim do fator previdenciário

Por Cristiane Alves | 13 nov 2013

Com a palavra de ordem “Fator é roubo contra o trabalhador”, cerca de 3 mil trabalhadores da ativa e aposentados fizeram uma grande passeata pelas ruas do centro de São Paulo contra o fator previdenciário e pela correção da tabela do IR (Imposto de Renda), na terça-feira, 12.

Trabalhadores como o metalúrgico aposentado Raimundo Oliveira, que aos 65 anos foi para as ruas manifestar sua indignação com os parlamentares que prometem, mas não concretizam o fim do fator previdenciário. “O fator é um roubo. Os parlamentares e o governo não têm vergonha na cara de assaltar o trabalhador”, desabafa.

Raimundo contribuiu para a Previdência Social ao longo de 40 anos e, mesmo assim, ao chegar no sonhado momento da aposentadoria, caiu nas garras do fator e do imposto de renda. “Cada dia fica menor [o valor recebido]”, analisa.

Para evitar situações como essas, o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, defende a correção da tabela do imposto de renda e o fim do fator. “A tabela do IR precisa ser reajustada pela inflação, caso contrário, os aumentos reais conquistados pelas categorias serão corroídos”, afirma.

Redutor perverso – O fator previdenciário é um redutor do valor da aposentadoria, criado em 1998, no governo Fernando Henrique Cardoso. É uma formula que leva em conta a expectativa de vida (quanto maior, menor será a aposentadoria), o tempo de contribuição e a idade no momento da aposentadoria. Isso provoca redução de 40% no valor das aposentadorias.

Quando foi criado, a justificativa era adiar os pedidos de aposentadoria. Mas, estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconomicos) divulgado na mesma terça-feira, 12, demonstra que, na prática, o fator não inibiu as aposentadorias, já que ao longo da última década a idade média dos homens que requerem aposentadoria é de 54 anos e das mulheres, de 51 anos. Na época da criação do fator, a idade média era de 50 anos, para homens, e 48 anos, para mulheres.

E o fator ainda custa menos que a desoneração de impostos concedida pelo governo às empresas. “O fim do fator custaria R$ 3 bilhões ao governo. Mas o governo não hesita em gastar R$ 17 bilhões com desoneração da folha de pagamentos e vai acabar quebrando a Previdência”, criticou o deputado federal Paulo Pereira da Silva.

Protesto nacionalPor conta de tudo isso, as centrais sindicais mantêm a pressão para que o Congresso Nacional e o governo federal coloquem fim ao fator previdenciário. Por isso, o protesto realizado em São Paulo foi parte de um conjunto de manifestações que mobilizou trabalhadores de todo o país, chamado “Brasil contra o Fator” e a reivindicação é um dos itens da pauta da Marcha da Classe Trabalhadora à Brasília no próximo dia 26 de novembro.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #07