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Trabalhador terceirizado morre na Mercúrio

Por Cristiane Alves | 04 maio 2018

O Sindicato esteve na porta da Mercúrio, em Jandira, nesta sexta-feira, 4, diante da notícia de que na última quinta-feira um companheiro morreu, depois de cair do telhado da empresa, onde fazia manutenção. Essa é a vigésima morte de trabalhador em metalúrgicas de Osasco e região, desde 2010, que temos conhecimento.

Oito dias depois do acidente, uma das perguntas fundamentais feitas pelo Sindicato à empresa foi o nome do trabalhador. Mas o que se ouviu foi o silêncio. Explica-se: o companheiro era terceirizado e esse silêncio resume o modo como os trabalhadores terceirizados são tratados pelas empresas, como nada.

Duas semanas antes do acidente, o Sindicato já havia alertado a empresa sobre as condições inseguras em que estavam trabalhando os terceirizados, numa altura superior a dois metros, sem cinto de segurança ou qualquer outro aparato previsto pela NR 35 (norma regulamentadora que determina regras de segurança para trabalho em altura). Prontamente, a empresa mandou os trabalhadores pararem e descerem do telhado. Mas, pelo visto, quando o Sindicato virou as costas tudo foi esquecido.

E não para por aí, até agora o Sindicato não recebeu a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), nem a ata da reunião extraordinária da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). Com isso, a empresa desrespeita a Convenção Coletiva, que obriga que o Sindicato seja informado pela empresa em até 24 horas após o acidente. “É preciso fazer chegar a informação no Sindicato. Isso é importante para a empresa, mas, principalmente, para o trabalhador, para que qualquer serviço que for ser feito na empresa seja feito com prevenção”, orientou o diretor Carlos Aparício Clemente.

Não fosse a solidariedade e o compromisso de um companheiro, não teríamos ficado sabendo. Por isso, uma das cobranças feitas pelo Sindicato foi o funcionamento da Cipa. “O cipeiro tem a atribuição, a responsabilidade de ter um olhar de prevenção. Vamos trabalhar para uma Cipa atuante e de um delegado sindical para termos mais informações e municiar os trabalhadores para atuar pela prevenção”, afirmou o diretor Sertório Carvalho.

Denuncie – Além disso, os trabalhadores contam com canais de comunicação direta com o Sindicato, pelo www.sindmetal.org.br ou pelo Whatsapp Sindmetal (11)9-6078-0209, é possível informar situações como essas, de forma anônima.

Ao mesmo tempo, o diretor Alex da Força lembrou que uma cultura de prevenção é tarefa de todos. “A responsabilidade não é somente da empresa, da Cipa ou do Sindicato, é de todos”, orientou.

A empresa se comprometeu a apresentar a cópia do boletim de ocorrência e da CAT ainda nesta sexta-feira, 4. Até lá, continuaremos sem saber o nome de mais um companheiro que perdeu sua vida enquanto trabalhava. Um descaso.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18