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“Terceirização é um jogo de empurra-empurra”, avalia metalúrgico

Por Auris Sousa | 15 abr 2015

Preocupado. É assim que o metalúrgico da Aisin, em Alphaville, Irailton Santana Cruz diz estar diante da hipótese da terceirização ser estendida para qualquer função, inclusive na atividade principal da empresa. Isso porque ele já sentiu na pele o que é ser terceirizado dentro e fora do Brasil. “Essa vida eu não quero mais”, manda o companheiro.

Irailton não quer mais sentir em seu lombo os efeitos da terceirização. Já sofreu inúmeras perdas quando foi contratado por empresas terceirizadas. “É só desvantagem. Terceirização é 100% de fracasso para qualquer trabalhador”, alerta ele.

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Criterioso ao falar, o companheiro relata que o trabalhador “não tem apoio nenhum, fica a Deus dará. É um jogo de empurra-empurra, ninguém tem obrigação com você, é como se todas as leis [trabalhistas] não existissem. É um golpe final contra o trabalhador”. Entre trabalhadores terceirizados esta crítica é muito comum.

“Só quebrei a cara”, ressalta o companheiro que teme o fantasma da terceirização. “Temos que nos unir para isso não acontecer”, enfatiza.

A mesma experiência em mundos diferentes

Irailton têm experiência em contrato terceirizado dentro e fora no Brasil. O metalúrgico viveu 10 anos no Japão e lá teve um longo histórico na vida da terceirização. Em um desses empregos, viu-se ainda mais perdido quando foi demitido. “Eu não sabia onde a empresa ficava. Eles informaram um endereço fantasma. Fiquei sem receber, sem proteção. Neste mundo [da terceirização] a gente não tem segurança de nada”, recorda.

Para o companheiro, terceirizar a atividade fim é “um caminho perigoso”. “Quem aprova não o que está falando, nunca passou por isso. Essa vida não é vantagem para ninguém”, contesta.

Já no Brasil, ele conta, que trabalhava de segurança, quando foi escalado para trabalhar numa feira de automóveis no Anhembi. Lá, ficou fascinado por uma Ferrari. Não se conteve, e entrou dentro do carro. No dia seguinte foi demitido e acusado de roubo. “A empresa me mandou embora por justa causa, alegando que eu tinha roubado uma peça da Ferrari e mandou eu procurar os meus direitos no Sindicato”, lembra.

Depois de muita luta, ele recebeu o que disseram que ele tinha direito. “Recebi só os dias trabalhados, nada de férias, décimo terceiro, aviso prévio e multa do FGTS. Perdi no mínimo 50% do valor que eu receberia se não estivesse trabalhando em empresa terceirizada”, reclama.

O companheiro se despede, com o alerta: “Nem num país tido como de primeiro mundo [o Japão] a terceirização funciona. Imagina aqui”.

 

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #19