O presidente interino Michel Temer pretende esperar o afastamento definitivo de Dilma Rousseff, previsto para ocorrer em setembro, para votar a reforma da Previdência. Entre as novas regras previstas está a ampliação da idade mínima para aposentadoria e unificação da idade entre homens e mulheres.

Uma companheira, da JL Capacitores, tem 58 anos e tendo 25 anos de contribuição para a Previdência já faz planos para a tão sonhada aposentadoria. “Falta tão pouco para mim e agora a sensação é de que posso ter meu direito roubado, arrancado de mim”, disse preocupada.

Companheiras e companheiros da JL Capacitores protestaram contra projeto de Temer de mexer nas regras da aposentadoria

O medo dela é o mesmo de outra metalúrgica, que também trabalha na JL. De acordo com as regras atuais, falta apenas um ano para a companheira se aposentar por idade e três anos por tempo de contribuição. “Já tenho problemas na coluna, a saúde já não é mais a mesma. Mudar a regra é uma injustiça”, avalia.

De injustiça tem uma outra companheira que entende bem. Ela tem 22 anos de contribuição, mas ficou oito anos sem trabalhar para cuidar dos filhos. Saber que as regras para homens e mulheres podem ser unificadas a enche de revolta. “Só Deus na vida da gente. É muita injustiça, trabalhamos o dobro, paramos de trabalhar para cuidar dos filhos. O nosso corpo sofre grandes transformações depois da gravidez, tem mulher que precisa até fazer cirurgia no períneo”, explicou.

As companheiras têm razão. As propostas do governo interino penalizam todos dos trabalhadores. “O que o governo está vendendo aí como se fosse uma solução para as contas públicas é, na verdade, uma penalidade para os trabalhadores. Ele fala em ampliar consideravelmente a idade mínima para aposentadoria e estipular uma regra que deva ser a mesma para quem começou a trabalhar aos 18 anos e quem iniciou a sua vida profissional aos 30. Isso só favorece as distorções”, denunciou senador Humberto Costa (PT) em seu portal.