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Temas ligados à proteção da vida e à bioética marcam realização do FSMT2013

Por Auris Sousa | 01 fev 2013

O ato de encerramento do FSMT 2013 (Fórum Social Mundial Temático), realizado na manhã de 31 de janeiro, no mezanino da Usina do Gasômetro, reuniu representantes do movimento social que avaliaram como positiva a realização do evento. A comoção social gerada a partir do trágico acidente na cidade de Santa Maria, Região Central do Rio Grande do Sul, que vitimou dezenas de pessoas, fez com que a questão da vida e a bioética fossem focalizadas pelos participantes. Bioética é a área de conhecimento voltada para a reflexão e discussão dos valores inerentes à vida e à saúde humana.

No Mundo da Saúde – conforme relatou Paulo Argollo, presidente do Simers (Sindicato Médico do Rio Grande do Sul) – houve a oportunidade de discutir assuntos dos mais variados, como as questões da bioética e da coleta de DNA de povos indígenas na América Latina, a aplicação do SUS (Sistema Único de Saúde) na integralidade e temas para os quais foram apresentadas propostas inovadoras. O médico considerou correta a decisão do comitê organizador do FSMT 2013 de manter as atividades em razão de uma questão presente na tragédia e apontada por ele como essencial, que é a relação entre capital e pessoa humana – a supremacia do capital, do interesse financeiro sobre o direito da pessoa humana.

Na mesma direção, Jorge Ronderos Valderrama, da Prodiversitas, da Colômbia, acusou a falta de ética pela vida no sinistro de Santa Maria. Ele viu na tragédia um sinal de doença da sociedade, que não consegue proteger a vida humana e pregou uma mudança de caráter educacional para que as pessoas aprendam a proteger a vida desde os primeiros anos de vida. Acusando o capitalismo de ser “o câncer do planeta”, a quem atribui o desequilíbrio ambiental, a poluição, a depressão e a pobreza. O ativista colombiano condenou a utilização dos recursos naturais como a água de forma mercantil, vendo nela outro indicador da enfermidade social humana. “Até o ar que respiramos pode ser alvo do interesse comercial, da mesma forma que as patentes da genética de sementes transgênicas”, lamentou.

Valderrama classificou o Fórum Social Mundial como um portal aberto para o mundo, que deve ser entendido como um processo e não unicamente um evento. Segundo disse, o FSM é um espírito que está construindo uma nova forma de entender e cuidar da vida do planeta, enfatizando que o ser humano precisa ser curado. “O FSM é uma fortaleza da democracia, que mantém o mundo conectado pelo espírito do debate e da descoberta de novas alternativas”, afirmou Jorge Ronderos Valderrama.

SOLIDARIEDADE JUVENIL – Ben Hur Pereira, diretor da União Estadual de Estudantes do Rio Grande do Sul (UEE/RS) notou progresso no Acampamento Intercontinental da Juventude, montado no Parque da Harmonia, destacando o clima de paz e a ausência de incidentes. O estudante ressaltou a instalação inédita da Unidade de Pronto Atendimento da prefeitura (UPA), que realizou 50 atendimentos, em sua maioria provocados pela alta temperatura. Pereira comentou o abatimento das pessoas no domingo, quando o mundo inteiro era solidário com a dor das famílias santamarienses, fato que motivou a suspensão das apresentações musicais naquele espaço ao ar livre. Ben Hur citou a relação da UEE com a cidade, da qual é oriundo o vice-presidente da entidade. O líder juvenil também destacou a presença de estudantes que vieram participar do Fórum vindos da Bienal da União Nacional de Estudantes (UNE), realizada em Recife/PE, o maior festival estudantil da América Latina.

Cícero Pereira da Silva, da UGT (União Geral dos Trabalhadores); Valter Souza, da NCST (Nova Central); Marcelo Magu, da Força Sindical, e Eremi Melo, da CTB (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), representaram o Mundo do Trabalho e repetiram as palavras de afirmação do evento como um espaço democrático de idéias que se contraponham ao Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça. Os organizadores do suspenderam a programação do Mundo do Trabalho para realizar um ato de solidariedade  no dia 29. Mais que lamentar a perda de tantas vidas, os sindicalistas apontaram como urgente a formulação de novas e rigorosas regras para o funcionamento de casas noturnas e estabelecimentos em ambiente fechado.

Ainda presentes na mesa José Antônio Santos da Silva, do Mundo da Igualdade Racial; Lélio Falcão, do Instituto dos Amigos do Fórum Social Mundial; Taís Ratier, do Mundo da Cultura; Ivan Feloniuk, do Mundo da Ética, e Sérgio de Freitas da Silva, presidente do Sindicato dos Artesãos do Rio Grande do Sul, para quem as organizações chamadas de “Mundos” conseguiram cumprir o papel de promover a discussão sobre uma sociedade solidária e novos modos de produção.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18