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Surge a Força Operária, vanguarda dos metalúrgicos

Por Felipe | 03 ago 2018

Força Operária

O saldo da gestão 1978/1981, a última de Henos Amorina, foi animador, contabilizando a realização do 1º e do 2º Congresso dos Metalúrgicos de Osasco, a criação das subsedes e extensão dos serviços a Cotia e Taboão da Serra; bons resultados em campanhas salariais e greves, sobretudo em julho e agosto de 1978; modernização na estrutura e na organização do Sindicato; participação na criação das Semsats e do Diesat; criação dos seminários e ciclos de debates sobre saúde e segurança no trabalho e, enfim, um grande avanço na retomada da atuação política da entidade, expressa, sobretudo, na participação das greves pela reposição salarial a partir de 1978 e na campanha pela Anistia.

No Congresso de 1980, os sindicalistas recém-chegados ganharam corpo e liderança, projetando na prática o sentido do nome que a chapa que os elegeu viria a ganhar: Força Operária. Nas eleições de 1981 a chapa Força Operária, encabeçada por Antônio Toschi ganhou a eleição com tranquilidade. E sua posse foi a maior que o Sindicato já viu.

Se, por um lado, as duas gestões de Toschi foram abaladas pela situação de desemprego que assolava o Brasil desde o fim da década de 1970, por outro foram marcadas por um alto índice de atividades. O Sindicato participou intensamente da campanha pelas eleições diretas (Diretas Já!), fez campanhas em favor da convocação da Constituinte, contra o Pacote da Previdência de 1983, pelo vale-transporte, pelo auxílio aos desempregados (não apenas dos metalúrgicos). Liderou a tentativa de constituição de um Conselho Popular das Comunidades de Osasco e estendeu serviços culturais para os bairros. Participou da Federação Internacional dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas (Fitim), do Instituto Brasileiro de Relações do Trabalho (Ibrart), da Federação dos Metalúrgicos e do Centro de Memória Sindical. Deu apoio político e financeiro aos metalúrgicos do ABC, aos previdenciários em greve e a outras diretorias. 

Dentro do Sindicato foram abertos novos departamentos, como os de pesquisa, saúde, recreação, dos aposentados e o departamento feminino. O setor de higiene, segurança e medicina no trabalho ganhou um grande destaque com o fortalecimento das Cipas e o convênio com a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro).

Neste cenário, nas eleições de 1987, a chapa Força Operária, liderada, desta vez, por Cláudio Magrão Crê, venceu novamente as eleições para a direção do Sindicato. Magrão, metalúrgico que iniciou suas atividades na Brown Boveri, em 1966, e se tornou militante sindical na Cobrasma, doze anos mais tarde, liderou uma diretoria que manteve as principais diretrizes realizadas pelo Sindicato no fim dos anos 1980.

Em 1989 mais uma renovação de quadros fortaleceria o Sindicato. Jorge Nazareno, o Jorginho, Milton Cavalo e Mônica Veloso, lideranças em suas fábricas, passaram a atuar no Sindicato e, em 1990, a chapa eleita contava com Cláudio Magrão na Presidência e Jorge Nazareno na direção executiva. 

Campanhas

A campanha salarial de 1990, liderada pelo Sindicato, conquistou reajuste de 180% – um dos melhores índices conquistados pelo movimento sindical. No ano seguinte, a campanha salarial saiu com o slogan: “Salário, em vez de ficar chorando por ele lute, lute por ele”. E, ainda em 1991, o Sindicato saiu às ruas com a campanha “Sossega Leão”, na qual usaram um leão vivo para chamar atenção da imprensa e do Poder Público. E esta irreverente campanha resultou no reajuste da tabela do Imposto de Renda.

Força Sindical

No dia 12 de setembro de 1991 uma assembleia no Sindicato, com cerca de três mil trabalhadores, decidiu em qual central sindical se filiar: CUT ou Força Sindical. Venceu a Força Sindical que nasceu em março daquele ano como uma central plural, de luta, diálogo e negociação.

Transformações econômicas

O processo de transformação da moeda para o Real, iniciado com a conversão para URV, em 1994, também gerou salariais. Com isso, o Sindicato, liderado por Magrão, manifestou-se pela manutenção do poder aquisitivo dos trabalhadores realizando uma greve que ficou conhecida como a “Greve Andorinha”.

Além das mudanças econômicas a cidade de Osasco, na década de 1990, viveu uma transformação na sua identidade. De região industrial a cidade tornava-se um aglomerado de serviços e comércio, com a saída de indústrias pioneiras (como Eternit, Cobrasma e Santista) e a chegada de empresas multinacionais como Wal-Mart e Carrefour, além da instalação de muitos shopping centers.

 

Em 1991, operários de Osasco e região debatiam sobre filiação ou não a alguma Central Sindical. Ginásio de Esportes de Caraguatatuba, SP. 31/ago/1991. Acervo CEDOC-SINDMETAL.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18