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Sindicato apresenta pesquisa sobre acidentes graves e fatais e chama atenção para a prevenção

Por Auris Sousa | 18 ago 2020

O Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região apresentou nesta terça-feira, 18, dados da Pesquisa que analisou 105 acidentes graves e fatais que chegaram ao conhecimento do Sindicato e, através dele também, a fiscalização de trabalho, entre 2008 e 2018. Deste total, 20% resultaram na morte dos trabalhadores. Além do terror desta constatação, o levantamento alerta sobre os riscos dentro das fábricas e chama atenção para a importância da prevenção.

A apresentação aconteceu na sede do Sindicato, de forma presencial e remota, com a participação de Eduardo Bomfim, técnico do Diesat (Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho) e de Domingos Lino, da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

O estudo mostra que a média de idade das vítimas é 36 anos, correspondendo a cerca de 54,3% dos acidentes. Já dos que perderam a vida é de 38 anos. A maior parte dos acidentes (44,8%) foram causados por prensas, partes móveis, máquinas e equipamentos sem proteção. Dedos e mãos foram as partes mais atingidas, representando 60,7% do total.

O secretário-geral do Sindicato, Gilberto Almazan, destacou que todos estes acidentes e mortes foram denunciados a vários órgãos, como Ministério Público do Trabalho, Vigilância Sanitária, Centro de Referência em Saúde do Trabalhador e que, inclusive, foram feitos boletins de ocorrência.

“Acompanhamos todo processo. Em alguns destes acidentes a fiscalização não foi bem feita, em muitos casos esta fiscalização demorou para chegar ao local. Na Advocacia Geral da União, o andamento não foi como esperávamos, nem todos geraram ações regressivas. Os boletins de ocorrência foram arquivados, não teve um processo de responsabilidade criminal e os resultados destas fiscalizações ou não recebemos ou demoramos para receber”, denuncia Almazan.

A Pesquisa, junto de um outro estudo feito pelo Sindicato, gerou a criação do vídeo “Basta”, que resgata a trajetória de luta dos metalúrgicos de Osasco e região contra os acidentes no local de trabalho e ganhou uma versão em inglês, lançada nesta terça, 18, durante o evento. Materiais que têm o objetivo de instrumentalizar ainda mais a luta contra acidentes e doenças em decorrência do trabalho.

“É um dos maiores escândalos o que acontece com as pessoas que se acidentam, que ficam doente ou que morrem em decorrência do trabalho. Então, este encontro mostra a importância de a gente ter intervenções na saúde do trabalhador de uma maneira mais qualificada, mais articulada, a partir dos sindicatos e trabalhadores”, avalia o diretor do Sindicato, Carlos Aparício Clemente e destacou que os materiais e o Sindicato estão à disposição de pesquisadores interessados em estudar o que está acontecendo.

Bonfim destacou que a Pesquisa e o vídeo “são dois grandes materiais que a gente tem o privilégio de acompanhar em meio a toda esta dificuldade. O documentário “Basta” representa muito bem e de uma maneira bem objetiva, a quem interessa, o que é vivenciado no local de trabalho, as condições enfrentadas em pleno século 21, da total acidentalidade e o descaso aos trabalhadores no que tange a discussão da sua atividade laboral e acidentalidade no século 21”.

Ao enfatizar a importância dos materiais para provocar diversos atores, como empresas e poder público, no sentido de cobrar ações de cada um para prevenção contra acidentes de trabalho, Bonfim resgatou a trajetória do Diesat que, ao longo de 40 anos, tem construído diversos trabalhos e projetos que se tornam instrumentos de ações com os mesmos objetivos dos materiais divulgados pelo Sindicato: exigir mudanças e segurança para os trabalhadores.

Pesquisa da OIT

A OIT (Organização Internacional do Trabalho) convidou o Sindicato para colaborar com uma Pesquisa Nacional sobre os impactos da covidd-19 nas relações de trabalho. Durante o encontro, Lino explicou que o estudo é sobre saúde, trabalho, desenvolvimento sustentável e covid-19, o qual será desenvolvido em quatro países, entre eles o Brasil.

“Nos seus objetivos estão analisar e disponibilizar informações que possam servir de subsídios para as ações das organizações sindicais. Parte de um estudo das normas intencionais do trabalho, como o país está aplicando estas normas, convenções e recomendações”, explicou Lino, que também disse que serão analisadas as ações para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e prevenção da covid-19.

Lino ressaltou a importância do SUS (Sistema Único de Saúde), principalmente neste momento de pandemia. Sobre as normas regulamentadoras do trabalho, destacou a posição do movimento sindical de ser contra as mudanças, uma vez que as considera mais uma forma de precarização. Já sobre a covid-19, ressaltou a atuação dos sindicatos para tentar amenizar os prejuízos aos trabalhadores neste momento.

Assista à live completa:

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18