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Seminário em SP mostra que sucesso na inclusão depende de um trabalho conjunto

Por Auris Sousa | 01 out 2019

São muitas as tentativas de se criar uma receita básica de como incluir pessoas com deficiência no mercado de trabalho. No entanto o seminário “Além da Cota”, realizado na sexta-feira, 27, no Ministério Público do Trabalho, em São Paulo, mostrou que não existe receita de bolo, mas que para a inclusão acontecer, dar certo, é necessário a junção de vários esforços de um trabalho conjunto.

Realizado pelo Ministério Público do Trabalho, Espaço da Cidadania, Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo – SRTb/SP e várias entidades apoiadoras, o seminário ganhou “corpo” com o objetivo de esclarecer trabalhadores, empregadores, poder público e movimentos sociais sobre o direito do trabalho das pessoas com deficiência.

Debate, diálogo e experiências de inclusão mostraram que sucesso na inclusão depende de trabalho conjunto

“O desenho da própria construção do evento já é trazer o poder público, sindicatos, empresas e movimento sociais, a sociedade civil como um todo, para debater sobre a inclusão e acessibilidade das pessoas com deficiência no mundo do trabalho. Então, portanto, quando a gente tem estes atores aqui dispostos a dialogar sobre esta matéria, nós vemos realmente que as ações efetivas de inclusão são potencializadas. Este diálogo social é fundamental para fortalecer o trabalho de todas instituições públicas e privadas que realizam a inclusão e que trabalham pela acessibilidade”, destacou a procuradora Valdirene de Assis.

Para Carlos Aparício Clemente, coordenador do Espaço da Cidadania, o trabalho conjunto é fundamental para derrubar mitos que impedem a contratação. “Tudo que acontece aqui hoje é um trabalho em conjunto e voluntário para a defesa da Lei de Cotas, a defesa do trabalho decente para as pessoas com deficiência. Nós sabemos que quem veio para cá, todos que estão aqui, estão no mesmo time daqueles que defendem igualdade no trabalho para todos. O público que está aqui é composto por estas pessoas, não só a organização”, disse.

Diálogo Rico

O “Papel do Poder Público na Inclusão da Pessoa com Deficiência no Trabalho” foi tema da primeira mesa do seminário, debatido por Vanda Ferreira da Cruz, Juíza integrante da Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão, do TRT – 2ª Região, e Marinalva S. Cruz, Secretária Adjunta da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, com moderação de Marco Antonio Pellegrini, Ex-Secretário Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

Para Pellegrini, pensar, agir e construir os caminhos para a inclusão é importante, porque a única saída para o nosso país é ser sustentável. “A gente não pode ignorar que 45 milhões de pessoas responderam ao Censo como tendo algum tipo de deficiência ou algum tipo de dificuldade em relação ao meio. Então estas dificuldades têm que ser vencidas e estas pessoas têm que ter a oportunidade de serem produtivas e não de viverem frustradas em sua existência, e o trabalho é uma base para isso, é um dos pilares mais importantes. Temos que insistir muito e levar esta luta para frente”, destacou.

Para isso, a procuradora Valdirene, destacou a importância do trabalho conjunto. “Não depende apenas do poder público, nós precisamos que as organizações não governamentais, coletivos, venham e nos digam onde estão as pessoas com deficiência e mostrem que elas estão aí para ser contratadas, porque existe o argumento que as empresas utilizam dizendo que não encontram as pessoas. Então ter a participação dos movimentos sociais das associações é fundamental para que a gente dê evidencia de onde estão estas pessoas, que elas existem. Ter o sindicato conosco é fundamental porque o sindicato faz a defesa coletiva dos trabalhadores, e as pessoas com deficiência são trabalhadores e trabalhadoras”, enfatizou.

Foi com este tom que ocorreu o debate da segunda mesa: “Ação Sindical em Relação ao Trabalho Decente para Pessoas com Deficiência no Brasil”, que contou com a participação do diretor Alex da Força, que também é Secretário de Inclusão de Pessoas com Deficiência da Força Sindical São Paulo; e Ricardo Patah, Presidente da UGT; e Isaias Dias, Dirigente do Sindicato dos Bancários (CUT); com moderação de Yvy Karla Abbade, da Unilehu (Universidade Livre para Eficiência Humana), de Curitiba.

“Viemos com o compromisso de renovar a nossa luta e ações pela inclusão das pessoas com deficiência. Trabalhamos para todos”, destacou Alex, que enfatizou que reconhecer as dificuldades no processo de inclusão é uma das formas de avançar na luta pela inclusão de fato.

Boas Práticas

Foi a última mesa “Boa Práticas de Inclusão”, com moderação de Maria Vilma Roberto, do Instituto de Tecnologia Social ITS BRASIL, que comprovou que o avanço é possível e já está acontecendo. Nela, Thays Toyofuku, gerente de D&I na empresa JLL, e Rosângela Fernandes Lyf, gerente de Diversidade e Inclusão do Assaí, apresentaram o trabalho desempenhado para que as empresas que trabalham, enfim, cumprissem a Lei de Cotas. Mostraram que com planejamento e vontade é possível ir além do cumprimento da cota.

Para os participantes, os debates serviram como inspiração. Muitos questionaram a receita para uma inclusão de sucesso. Foi quando Thays, sabiamente disse: “Não existe receita pronta. O importante é olhar para dentro de você, encontrar o que você tem de forte para apresentar sobre este processo. Tem alguns passos que são importantes: encontre um embaixador, aquela pessoa que acredita na sua proposta e que vai te ajudar a convencer aqueles que estão em ‘cima do muro’ a acreditar. Parceiros são importantes nesta jornada”, dividiu ela, que também confessou: “O começo é difícil, tem que ter persistência”.

Exemplo disso é o Assaí, que hoje conta com 40 mil trabalhadores e mais de 2.000 trabalhadores com deficiência em todas as suas unidades espalhadas pelo Brasil.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18