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Para Francisco Rossi, golpe militar foi oportuno

Por Auris Sousa | 20 nov 2014

Ex-prefeito de Osasco, ex-deputado federal e presidente da UEO (União dos Estudantes de Osasco) em 1964, Francisco Rossi disse em depoimento à Subcomissão Entidades Civis da Comissão Municipal da Verdade de Osasco que o golpe militar “naquele momento foi uma coisa boa para o país”. O depoimento aconteceu em 5 de novembro na Câmara de Osasco.

Rossi durante depoimento à Comissão Municipal da Verdade de Osasco

“Naquele instante o estado de direito já tinha ido para o espaço. E o exército era o guardião, fizeram o que era da competência deles”, avaliou Rossi, que, naquela época, enxergava que a “ditadura do proletariado estava a um passo”.

Na avaliação do ex-prefeito, a justificativa para o golpe estava na postura do presidente João Goulart. “João Goulart favorecia para um golpe da esquerda, havia possibilidade do Brasil se tornar uma outra Cuba”. Ao ser questionado sobre seu ponto de vista, ele reconheceu que “talvez estivesse errado, mas havia subversão numa sociedade de direitos”.

Passados os 50 anos do golpe, Rossi avalia que “qualquer golpe acaba colocando o país numa situação complicada em relação aos direitos humanos.” E considerou que “Hoje vejo que talvez eu tenha exagerado um pouco”.

Apesar de ser favorável ao golpe, Rossi “não tinha sossego”

“Sinto-me injustiçado pelo movimento militar, porque não me dava sossego”, afirmou o ex-prefeito de Osasco, Francisco Rossi, que no período do golpe tinha 24 anos.

Ele se refere a uma das vezes que foi preso, junto com dois colegas – Edgar Domingues e José Maria – por policiais armados, durante uma manifestação de estudantes.  “Fomos detidos, levados para dentro das instalações. Não houve tipo ameaça e agressão”, explicou.

Rossi relembrou que na prisão foi recebido por Ubirajara Silveira. “Me tratou muito bem e aos outros. Não partiu para forma de agressão, mas era intimidatória. Ficamos até de madrugada conversando, depois nos liberaram”, falou sobre o encontro e completou: “Anos depois Ubirajara se tornou meu amigo.”

Outra aproximação que teve com a repressão militar, foi quando Juscelino Kubitschek foi cassado. Na época, ele morava na Cidade de Deus e mais uma vez foi levado à delegacia. Ele contou que os policiais o acusavam de estar “preparando um movimento de agitação. Eu nem estava sabendo que o JK estava cassado. Eles me pressionaram queriam saber quem estava participando do movimento”, explica ele, que considerou a ação constrangedora.

Rossi acredita que a acusação se deu, porque ele havia cedido uma casa dele, localizada no Km 18, para um amigo – Cláudio Teles – morar com a mãe. Segundo Rossi, Teles estaria envolvido no movimento contra a ditadura. “Até hoje não sei detalhes. Um dia o exército chegou e levou a mãe dele. Ele contou que não bateram na mãe dele, mas a deixaram nua para constrangê-la.”

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #07