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Mortalidade por câncer cai 9% em dez anos no estado de São Paulo

Por admin | 11 mar 2013

A taxa de mortalidade por câncer no estado apresentou queda de 9% na última década, de acordo com levantamento da Secretaria da Saúde do governo de São Paulo divulgado nesta segunda-feira, 11. Entre os anos de 1999 e 2000, a taxa era 104,6 mortes para cada 100 mil habitantes, índice que passou, entre 2009 e 2010, para 95,2 por 100 mil. A redução no hábito de fumar é a principal explicação.

Segundo o diretor presidente da Fundação Oncocentro, José Eluf Neto, a redução de mortes pela doença pode ser explicada pela queda na própria incidência. Para Eluf, a incorporação de hábitos mais saudáveis, como deixar de fumar, o diagnóstico precoce e o aumento da prevenção foram os principais fatores que resultaram na queda do surgimento de novos casos de câncer e, consequentemente, das mortes.

Os homens foram os que mais reduziram a taxa de mortalidade, registrando queda de 10% no período de dez anos. Já o grupo das mulheres apresentou uma redução menor, de 8%.

Os principais tipos de câncer incidentes na população masculina e que apresentaram grande redução da mortalidade foram os ligados ao tabagismo. A taxa de mortes por câncer de pulmão e de laringe caiu 16%, a de câncer de cavidade oral e faringe teve queda de 12% e a de câncer de esôfago sofreu redução de 11%.

Eluf apontou a diminuição do número de fumantes, tendência dos últimos anos, como grande motivo para essas quedas de mortalidade. “Os cânceres associados ao tabagismo são muito importantes em termos de números. O hábito de fumar vem caindo há muitos anos entre os homens, e o tabagismo começa a cair entre as mulheres, mais recentemente”.

O médico explica que, embora o hábito de fumar continue mais frequente entre a população masculina, esse grupo foi responsável por uma queda maior no tabagismo, se comparado ao número de mulheres que conseguiram largar o cigarro.

“Os homens começaram a fumar muito antes das mulheres. Até os anos 40, as mulheres praticamente não fumavam. Era um hábito essencialmente masculino. Com o tempo, a liberação sexual, as mulheres passaram a fumar cada vez mais”, disse.

Eluf calcula que são necessários mais de dez anos para que a diminuição do número de fumantes comece a se refletir nas taxas de mortalidade da população. Com isso, a iniciação tardia das mulheres no tabagismo deve demorar mais para surtir efeito. “Nas mulheres, como essa queda no tabagismo é muito mais recente, isso vai se refletir na mortalidade, provavelmente, daqui a cinco anos”, avalia.

Outros tipos de câncer, que afetam as mulheres, são os de colo de útero, cuja queda alcançou 23%, e de partes do útero, que teve redução de 24%. A ampliação do acesso ao exame de papanicolau, que auxilia na prevenção, foi apontada como razão para esse resultado. Segundo Eluf, apesar de o estado ainda ter 15% de mulheres que nunca fizeram o exame na vida, mais de 80% delas já fizeram o papanicolau pelo menos uma vez.

O câncer de estômago apresentou redução significativa tanto entre homens (queda de 28%), quanto entre mulheres (menos 23%). Desde os anos 60, a incidência desse câncer registra trajetória de queda, e a melhor explicação para isso, de acordo com Eluf, é a melhora na conservação dos alimentos. “O fato de ter a geladeira e não precisar mais salgar os alimentos para conservá-los levou à diminuição da infecção por Helicobacter pylori, que causa o câncer de estômago”, disse.

A infecção, explica Eluf, é comum, e calcula-se que 70% da população já tenham sofrido com a bactéria Helicobacter pylori. Poucos pacientes, porém, desenvolvem o câncer a partir dessa infecção. Como está ligado à conservação de alimentos, o câncer de estômago sempre foi mais frequente nos países pobres. “É um câncer muito associado à pobreza, às más condições de vida”, disse o médico.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18