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Metalúrgicos debatem os riscos do Amianto e Nanotecnologia à saúde e ao meio ambiente

Por Auris Sousa | 10 jun 2014

Os esforços brasileiros pelo banimento do Amianto, as doenças relacionadas e riscos que a fibra oferece ao meio ambiente, assim como os questionamentos que rondam sobre a utilização desenfreada da Nanotecnologia foram discutidos pelos metalúrgicos de Osasco e região no sábado, 7. O debate aconteceu no Metalcamp durante o 6º Seminário Meio Ambiente e Trabalho, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho. 

Fernanda Giannasi, da Rede Virtual Cidadão pelo Banimento do Amianto para a América Latina e da Abrea (Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto), recordou os trabalhadores que o amianto foi proibido (uso, extração e comercialização) por 66 países, entre eles a Argentina, o Chile e o Uruguai. No Brasil, os esforços das instituições de saúde e ambientais pelo banimento do amianto se propagam em legislações estaduais e municipais. “Osasco foi uma das primeiras cidades a proibir o amianto, mas as lojas de construção ainda vendem produtos a base de amianto. Temos que promover o banimento e combater este mal”, ressaltou Fernanda.

Que a fibra faz mal à saúde muitos companheiros já sabiam, mas poucos conheciam os males que ela também pode provocar a natureza. “A degradação ambiental causada pela extração do mineral é uma realidade nas regiões de mineração. Além disso, o descarte inapropriado de materiais a base de amianto (telhas, caixas d água, passivo industrial) pode contaminar o solo e colocar em risco a saúde da população que entra em contato inadvertidamente com o material”, explicou Fernanda.

Por isso que o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) criou a resolução 348, que considera o amianto resíduo perigoso e deve ter procedimento especial para o descarte. “O mesotelioma [câncer de pleura relacionada ao amianto] pode aparecer independente da dose de exposição, logo o câncer também pode ser atribuído a exposição ambiental”, ressaltou Fernanda.

Para uma companheira, que participou pela primeira vez de um evento do Sindicato, a informação foi esclarecedora. “Fiquei assustada, não tinha noção que pessoas contraíram câncer por causa do amianto”, contou. Para outro que já acompanhou outros eventos que tratou deste assunto o tema tem que ser pauta frequente. “É um assunto que enquanto [o amianto] não for banido, tem que ser falado”, defendeu.

Mistérios da nanotecnologia

Se por um lado a nanotecnologia traz benefícios – com o avanço da tecnologia e requer pouca matéria-prima para produção de mercadorias – por outro os riscos desconhecidos dessa nova tecnologia intriga os pesquisadores. “A nanotecnologia é interessante, mas quais as consequências que ela pode oferecer com o tempo? Nossa briga é para que daqui 60 anos não tenhamos que falar sobre o seu banimento, assim como hoje tratamos o amianto”, reforçou a Arline Arcuri, pesquisadora da Fundacentro.

Por isso que Arline enfatizou a importância de se discutir a criação de normas voltadas para a nanotecnologia, que contenha formulação de políticas de desenvolvimento científico-tecnológico, de gestão de riscos ambientais e de riscos à saúde humana. Já que até o momento não existem normas jurídicas específicas que imponham limites à sua utilização, e muito menos pesquisas que mostrem se ela poderá ser nociva a saúde e meio ambiente.

“Já temos vários produtos que têm nanotecnologia no mercado. Estamos usando, mas não tem estudos suficientes que comprovam se eles podem prejudicar a nossa saúde no futuro, e quais serão as consequências do uso desenfreado. Estamos sendo cobaias da indústria”, ressaltou Arline.

Se há dúvidas dos males que esta nova tecnologia pode provocar a saúde e meio ambiente, seus reflexos no mercado de trabalho já são claros. “A indústria tende a diminuir. Teremos problemas futuros com isso, temos que debater esta questão e seminários como este colaboram para pensarmos o futuro”, avaliou Jorge Nazareno, presidente do Sindicato.

Para o diretor do Sindicato Gilberto Almazan o que mais preocupa é a convergência tecnologia, que integra várias tecnologias. O diretor citou a metalúrgica Tufil, que ficava em Cotia, como exemplo. A empresa fabricava antenas de carros, mas com as novas tecnologias, os  carros a já saem das concessionarias com antenas embutidas. “A fábrica fechou porque a indústria automobilística deixou de comprar”, explicou.

 

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18