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Mesmo na pandemia, 85,0% das vagas para pessoas com deficiência são preenchidas nas metalúrgicas da região

Por Auris Sousa | 09 mar 2022

A maioria das metalúrgicas da região de Osasco se confirmam como pioneiras no país em relação a contratação de pessoas com deficiências. Mesmo na pandemia, o índice de contratações atingiu a marca de 85,0%, o percentual é maior que a média nacional, hoje, em torno de 55%. O dado faz parte da 16ª pesquisa “Lei de Cotas: Trabalhadores com Deficiência no Setor Metalúrgico”, divulgada na manhã desta quarta-feira, 09, pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região.

Diretor Marcel Simões apresenta dados da Pesquisa

O metalúrgico Alexander Amaral Alves é um dos trabalhadores beneficiados pela Lei de Cotas. Ele trabalha há 18 anos na Cinpal, em Taboão da Serra, atualmente no Deposito de Peças Brutas. “Quero aqui expressar o sentimento que eu tenho como um trabalhador com deficiência física. Não é somente o fato de se sentir útil, mas a motivação pessoal que isso [o trabalho] nos dá, e tem também a questão da autoestima por conseguirmos conquistar as nossas coisas, a nossa autoestima”, compartilhou Alexander.

Companheiro Alexander trabalha na Cinpal há 18 anos

O estudo tem como base os questionários respondidos por 63 empresas metalúrgicas, nos quais elas relataram qual o número de trabalhadores com deficiência contratados, em dezembro de 2021. O destaque fica para as filiais, que atingiram 135,1% de ocupação, ou seja, superaram as contratações exigidas por Lei. Já as matrizes alcançaram 80,9%.

O estudo mostra que há trabalhadores com deficiência em todos os setores, os fabricantes de autopeças e forjaria lideraram as contratações, com 93,4%. “Este resultado destaca a importância da negociação coletiva, durante a Campanha Salarial da categoria. Isto porque a contratação de trabalhadores com deficiência e acessibilidade é uma das cláusulas da Convenção Coletiva do setor de autopeças”, observou o diretor do Sindicato Marcel Simões.

Clemente durante divulgação da Pesquisa

Contratação por Deficiência

Contudo, ainda existe a preferência por contratação de pessoas com deficiência física e auditiva, que juntas representam 71,9% das vagas ocupadas. As pessoas com deficiência múltipla, intelectual e psicossocial, somam 5,4%. Os reabilitados são 9,4%. “A Pesquisa anual demonstra o compromisso do Sindicato com a causa da inclusão. Ela é fundamental para que tenhamos dados que podem indicar os resultados das ações desenvolvidas. Eles são muito interessantes, e demonstram a questão do preconceito”, avaliou o coordenador estadual do Programa de Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de trabalho da Superintendência Regional do Trabalho, José Carlos do Carmo.

Kal fala sobre os resultados da Pesquisa

Durante a Live, Valdirene de Assis, Procuradora do Trabalho, Coordenadora da Coordigualdade do MPT-SP e Coordenadora do Projeto Nacional de Inclusão de Jovens Negras e Negros do Ministério Público do Trabalho, mostrou interesse em construir ações junto ao movimento sindical em defesa dos direitos das pessoas com deficiência.

“O momento de fato é difícil para a defesa de direitos, em sentido muito amplo. Discutimos em outros espaços a importância da utilização de vários mecanismos para garantir o que já temos, como ações afirmativas em favor das pessoas com deficiência. Manifesto-me interessada em aproximar o Ministério Público dos sindicatos, das lideranças sindicais, para que a gente possa pensar junto estratégias e formas de utilizar os instrumentos coletivos como espaço de preservação de direitos”, enfatizou a Procuradora Valdirene.

Lançamento aconteceu de forma virtual e presencial

Experiência empresarial – José Alves, diretor de Recursos Humanos na Mineração Taboca, em Pirapora do Bom Jesus, compartilhou a experiência da empresa nas contratações de pessoas com deficiência. “A gente não percebe baixa produtividade destas pessoas”, destacou. No entanto, mostrou dificuldades de encontrar profissionais para área operacional com qualificação. Fato que não prejudicou a empresa de cumprir a lei e seu papel social.

“Não é fácil encontrar pessoas com formação, mas temos que insistir. E se não encontrar, é uma questão social ajudar na formação, este é o nosso compromisso”, salientou.

Também participaram do lançamento pessoas com deficiências, dirigentes sindicais e representantes de entidades especializadas.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18