Queda do PIB, recuo da produção industrial, taxa de desemprego de 10,2%, redução do rendimento médio real do trabalhador. Este desastre econômico parece ter sido a mais profunda causa do impeachment de Dilma Roussef. A crise parece provar que o projeto nacional dos governos Lula e Dilma fracassou e que é preciso mudar para salvar o Brasil. Mas o que fracassou? No processo de impeachment não foram discutidas publicamente as causas, não foi apresentado e muito menos aprovado pelos brasileiros o projeto do novo governo.

Um ministério sem mulheres e negros; a extinção de secretarias de políticas para as mulheres, igualdade racial e direitos humanos e sua fusão no Ministério da Justiça; a extinção do Ministério do Trabalho e Previdência Social, subordinando esta ao Ministério da Fazenda  –  tudo isto representa um  grave retrocesso político, social e cultural.

A anunciada reforma da Previdência, a “flexibilização” da CLT,  o fim dos gastos constitucionais obrigatórios com educação e saúde são as credenciais de Temer. Esta linha de medidas pode “gerar confiança” e crescimento a curto prazo, mas representará um retrocesso em nossos padrões de vida e convivência social, evidente na recuperação do lema conservador “Ordem e Progresso”, inscrito na bandeira pelos positivistas autoritários do século XIX, e lema da “República dos Coronéis”. Ficamos, assim, muito mais distantes do “Brasil, um país de todos”.

Murilo Leal Pereira Neto
Professor do campus Osasco da Unifesp

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