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Dilma apoia presença de centrais sindicais em reuniões do bloco

Por Rede Brasil Atual | 17 jul 2014

A presidenta Dilma Rousseff se comprometeu na terça-feira, 15, a defender a participação de representantes dos trabalhadores no Brics. Dilma se reuniu com representantes de centrais sindicais brasileiras e internacionais durante a programação da 6ª cúpula anual do bloco multilateral que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. “Na próxima reunião, acho que já dá para vocês participarem. Assumo com vocês esse compromisso”, declarou Dilma, junto à delegação de dirigentes sindicais do bloco. “É questão de simetria. Se os empresários podem fazer o seu fórum, que ocorre em paralelo à reunião dos Brics e apresentar propostas, os trabalhadores também têm esse direito.” 

Presidenta Dilma prometeu a sindicalistas mais espaço na próxima cúpula anual do bloco

O presidente da CSI (Confederação Sindical Internacional), João Antonio Felício, considera que a postura da presidenta valoriza a negociação coletiva. “É um reconhecimento de que, na sociedade, existem duas partes em contradição permanente, os empresários e os trabalhadores, que devem ter direito ao mesmo espaço de debate e de proposta”, disse Felício. 

“Como presidenta do Brics, ela falará em especial com o (presidente da Rússia), Vladimir Putin, que vai sucedê-la, para defender o espaço dos trabalhadores na próxima reunião”, acrescentou o presidente da CUT, Vagner Freitas, para quem a reunião contribuiu para “equilibrar a correlação de forças na disputa entre capital e trabalho.”

Durante a terceira edição do Fórum Brics Sindical, representantes de entidades de trabalhadores haviam elaborado uma declaração de princípios que norteará a intervenção do movimento sindical nas discussões da cúpula. O objetivo dos sindicalistas é assegurar que os acordos de cooperação entre os países tenham como contrapartida a observação das normas da OIT (Organização Internacional do Trabalho). 

O documento defende “a promoção do trabalho decente, buscando garantir um piso de proteção social universal e promover a transição do trabalho na economia informal para a formal”, entres outros 11 pontos relacionados a promoção da igualdade de oportunidades, liberdade de organização, estímulo a políticas públicas distributivas e proteção da juventude. Leia a íntegra da Declaração de Fortaleza. 

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, sublinhou que a crise internacional expõe a fragilidade do atual modelo e torna mais necessária a unidade do sindicalismo internacional. “O mundo enfrenta uma das maiores crises econômico-financeiras com reflexos negativos sobre a vida dos povos. Os empresários acabam de entregar documento aos presidentes do bloco sugerindo a derrubada de barreiras ao comércio. Também queremos entregar a nossa pauta de reivindicação para debater com os governos o tipo de desenvolvimento que interessa aos trabalhadores dos cinco países do Brics”, garantiu.

Para Freitas, da CUT, o bloco representa importante alternativa à lógica excludente ditada pelos países capitalistas centrais. “Com mais de 40% dos habitantes do planeta e um quarto do PIB mundial, o bloco precisa ser fortalecido com a participação dos trabalhadores, a fim de que haja crescimento com distribuição de renda e valorização do trabalho.” 

Uma das principais preocupações do sindicalista é combater a informalidade, por fragilizar os cidadãos nas condições de trabalho, impor situações precárias e desproteção social – além de promover situações de desequilíbrio em termos de competitividade entre os países. “Diante da informalidade, da precariedade e da má distribuição de renda, consequências do neoliberalismo na atividade econômica nos países dos Brics, torna-se mais do que necessária a unidade do bloco, para que não venha a converter-se em algo meramente aduaneiro ou mercantilista como se viu reduzido o Mercosul”, observou o presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Ricardo Patah. 

Na avaliação de Divanilton Pereira, secretário de Relações Internacionais da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), o Brics pode vir a expressar a resistência dos povos e a construção de uma nova perspectiva. “Além do sentido geopolítico, de uma nova configuração nas relações internacionais, este é o momento em que abrimos espaço para que os interesses da classe trabalhadora sejam respeitados.”

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18