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Crise no setor automotivo faz Delphi fechar sua terceira fábrica no Brasil

Por Auris Sousa | 04 ago 2015

A Delphi, multinacional americana da indústria de autopeças, vai fechar a fábrica onde produz sistemas de injeção para motores a diesel no município de Cotia, na Grande São Paulo. A companhia dá assim continuidade a um processo de enxugamento do parque industrial que, neste ano, já resultou na desativação de duas das nove fábricas que a Delphi tinha no Brasil.
A decisão segue a queda nas encomendas depois que a produção de seus principais clientes, as montadoras, caiu para o patamar mais baixo em nove anos. Como justifica a própria empresa, com o redimensionamento do grupo às “necessidades atuais do mercado”, as linhas de produção no país estão sendo concentradas em um número menor de unidades.

No caso de Cotia, a fabricação de bombas, injetores e filtros feita no local vai migrar até o primeiro trimestre do ano que vem para Piracicaba (SP), onde hoje a sistemista produz componentes empregados em sistemas de propulsão de automóveis.

Nos últimos quatro meses, a Delphi já tinha desativado as fábricas de chicotes elétricos em Itabirito (MG) e Mococa (SP) – essa segunda com menos de dois anos de operação -, transferindo a produção destinada a montadoras como Fiat e Renault para outras unidades em São Paulo e Minas Gerais.

A companhia também está readequando a estrutura na Argentina, onde vendeu uma de suas duas fábricas no país.

Na tentativa de pressionar a empresa a recuar na decisão de encerrar as atividades, operários da Delphi em Cotia entraram ontem em greve. Na última quarta-feira, os aproximadamente 700 funcionários da fábrica foram comunicados do fechamento. Até então, só havia rumores de que as linhas seriam desativadas e, consultada em maio, a fabricante informou que a possibilidade estava apenas em estudo, segundo o presidente dos metalúrgicos da região, Jorge Nazareno. “Tudo indica que a empresa não estava estudando, mas, sim, já tinha decidido fechar a fábrica. Não houve negociação com o sindicato.”

A Delphi se manifestou sobre o assunto em comunicado à imprensa, no qual disse que, ao “consolidar” as operações de Cotia e Piracicaba, tem como objetivo manter a competitividade do negócio. Conforme a Delphi, a transferência das linhas será realizada de forma gradual e os funcionários de Cotia terão a possibilidade de acompanhar a mudança.

O sindicato dos metalúrgicos, contudo, acusa a empresa de ter dado um prazo exíguo, de apenas 30 dias, para os trabalhadores tomarem uma decisão sobre a mudança a Piracicaba, que está a cerca de 170 quilômetros de distância de Cotia. Uma reunião entre o sindicato e representantes da Delphi está prevista para quinta-feira, informa Nazareno.

Na nota, em que diz respeitar o direito de greve dos trabalhadores e reconhecer suas preocupações, a companhia ressalta que seguirá negociando com o sindicato, mas que não vai mais emitir nenhum comentário público sobre a paralisação. Há duas semanas, em congresso sobre perspectivas dessa indústria em São Paulo, Luiz Corrallo, presidente da filial da Delphi na América do Sul, disse não ver reação do mercado em menos de 12 meses. [Fonte: Valor Econômico / Link: http://www.valor.com.br/empresas/4162598/crise-no-setor-automotivo-faz-delphi-fechar-sua-terceira-fabrica-no-brasil]

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18