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Ato pede responsabilização das empresas cúmplices da ditadura

Por Auris Sousa | 12 jun 2015

Em São Paulo, um ato público realizado na quinta-feira, 11, lembrou as vítimas da ditadura e pediu a responsabilização das empresas cúmplices do governo militar. O encontro foi organizado pelo Fórum de Trabalhadores e Trabalhadoras por Verdade, Justiça e Reparação, em parceria com a Comissão de Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo e com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos

A nossa jornada de luta agora é pela reparação já, ressaltou enfatizou Rosa Cardoso, presidente da Comissão da Verdade do RJ

“Está comprovado pela Comissão Nacional da Verdade que houve cooperação [das empresas com a ditadura], e mais do que isso, houve um sistema privado de informações que detectava os militantes, e depois se fazia a repressão”, explicou Ivan Seixas, da Secretario de Direitos Humanos da Presidência.

Para Eugênia Gonzaga, Procuradora Regional Pública de São Paulo, em relação aos cumplices do regime militar, fala-se muito sobre a responsabilização do governo, dos órgãos de estado, das autoridades que praticaram os atos de violência, dos agentes de tortura, mas pouco se fala sobre a responsabilização de empresas privadas que contribuíram. “Este ato traz à tona um assunto difícil de ser lidado, mas que precisa ser trabalhado”, reforçou.

Para isso, ela defende a elaboração de debates mais profundos e a criação de uma nova comissão com caráter de punição, e não apenas de reparação.

Reparação Já – No ato, também foi lançado a campanha “reparar Já”, que exige que as empresas assumam a sua participação na violação de direitos dos trabalhadores. “A nossa jornada de luta agora é pela reparação já. Estamos mais maduros, temos acumulação de ideias para pedir reparação já”, enfatizou Rosa Cardoso, presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro e ex-comissária da Comissão Nacional da Verdade.

Durante o ato, doutora Rosa ressaltou que a reparação deve ser feita por empresários e pelas empresas, que participaram do golpe. Ela explicou que alguns empresários promoveram violações de direitos, ao oferecer infraestrutura, departamento de recursos humanos – com criação de listas e monitoramento. “Houve uma ditadura fabril, reprimindo e explorando os trabalhadores”, destacou.

Neste trabalho de responsabilização, ela aposta na ajuda do Ministério Público.  “O Ministério Público deve chamar, um conjunto de empresas para uma discussão de como fazer uma reparação simbólica, para que reconheçam o papel que tiveram no passado [durante o regime militar], e propor uma reparação”, resumiu doutora Rosa.

Para Eduardo Suplicy, Secretário Municipal de Direitos Humanos, a mobilização das centrais e dos movimentos sociais para que novos crimes sejam revelados e para que a reparação aconteça é essencial. “Que possam as centrais sindicais, os trabalhadores, com a ajuda de promotores e advogados, dialogarem com os responsáveis por estas empresas [que foram cumplices da ditadura] e verificar que reparação é possível, além de resgatarem a memória destes fatos, para que eles nunca mais se repitam”, defendeu.

O encontro, que reuniu centrais sindicais, movimentos sociais, comitês e comissões de memória e verdade além de renomados juristas e especialistas no tema da justiça e reparação e representantes de governos e órgãos institucionais, também pediu pela continuidade dos trabalhos da comissão, e discutiu as próximas etapas da luta por justiça e reparação.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18