Novos ares para o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco
Nas eleições de 1972 não houve chapa de oposição. Henos Amorina, com o apoio de Conrado Del Papa, encabeçou uma chapa ampla e voltou ao comando do Sindicato. Ele buscou se aproximar dos diversos setores da militância sindical e, nas eleições de 1975, a oposição e os setores mais radicais da esquerda tiveram grande participação. Era a primeira vez, desde 1968, que a oposição participava de uma eleição.
Com o desgaste da relação entre a turma do Henos Amorina e a oposição, liderada por José Pedro da Silva, a chapa de Henos para as eleições de 1978 foi totalmente formada por trabalhadores convidados por Conrado Del Papa. No início de 1978, esses novos diretores, que prezavam as ligações com a base, tomaram posse. Quadros como Cláudio Peninha, Carlos Aparício Clemente e Antonio Toschi, renovaram os ares do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco.
A reorganização do trabalho possibilitou que cada diretor se dedicasse a áreas específicas, proporcionando a concretização de antigas pendências, como o 1º Congresso, seminários, colóquios, eventos culturais e o fomento à produção teórica e cultural. Esta situação elevou o Sindicato a um novo patamar tornando-o, em pouco tempo, referência em bandeiras como saúde e segurança do trabalhador, fim do trabalho infantil, inclusão social e trabalho decente.
E embora aqueles jovens metalúrgicos não tivessem experiência sindical, eles iniciaram a gestão participando das grandes greves que eclodiram em São Bernardo do Campo, em 1978, participando da retomada do movimento sindical.
O estopim para a deflagração daquela onda de greves foi a denúncia, feita pelo Dieese em julho de 1977, que a manipulação dos índices oficiais da inflação havia se refletido em perdas salariais para os trabalhadores.
O movimento por reposição e aumento salarial, iniciado em maio de 1978 na Saab Scania de São Bernardo do Campo, rapidamente se espalhou por outras fábricas, como a Brown Boveri, em Osasco, e a Caterpillar e Duratex (Deca), em São Paulo, e para outras categorias e regiões do País, numa explosão de greves que perduraria até dezembro daquele ano e se repetiria nos dois anos seguintes.
Saúde e segurança do trabalhador
Aquela nova diretoria também iniciou um grande trabalho, reconhecido nacionalmente, pela saúde e segurança do trabalhador. Isso porque em 1978, os índices alarmantes de acidentes e o reduzido número de fiscais do Ministério do Trabalho nos locais de trabalho eram preocupantes.
Neste contexto, já em 1979, ano considerado o marco inicial da luta contemporânea pela saúde e segurança do trabalhador, foram realizadas as 1ª e 2ª Semanas de Saúde do Trabalhador (Semsats), concebidas por médicos ligados ao PCB que trabalhavam no departamento de Saúde e Segurança do Trabalho do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, com grande participação dos metalúrgicos de Osasco.
Naquela semana surgiu a ideia de o movimento sindical criar um departamento para estudar as questões relacionadas à saúde e segurança dos trabalhadores, como um “Dieese da Saúde”, ideia que resultou na criação do Diesat (Dep. Intersindical Estudos Pesquisas de Saúde e Amb Trabalho) em 1980.
Esse processo deu origem a uma grande discussão no Sindicato que organizou, em fevereiro de 1980, o 1º Ciclo de Debates sobre Cipas, Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais. Foi o início de um grande trabalho, com importantes publicações como o Boletim “Operário Inteiro” (OI) e o livro, lançado em 2009, “Uma história sem heróis”.
Lula, líder sindical e futuro presidente do Brasil, discursa na sede do Sindmetal, em Osasco. 1980. Foto: Carlos Marx.