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A greve de 1968 e o recrudescimento da ditadura

Por Felipe | 18 jul 2018

Brasil, São Paulo, SP. 01/05/1968. Populares se reúnem na Praça da Sé, centro de São Paulo, durante as comemorações do Dia do Trabalho, 1º de Maio. Pasta: 17.567 – Crédito:ARQUIVO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/Codigo imagem:38043/ Via Centro de Memória Sindical

 

A Chapa Verde e o MIA

Em 1967 foi criado em São Paulo por diversos sindicatos o Movimento Intersindical Antiarrocho (MIA). A postura de Ibrahin, à frente dos metalúrgicos de Osasco, era a mais combativa e aguerrida naquele grupo. Embora tenha durado pouco tempo, o MIA marcou a história da resistência sindical à ditadura. Um dos seus desdobramentos foi a intervenção no ato oficial no Dia do Trabalhador de 1968, organizado pelo governado de São Paulo. Decididos a repudiar o ato estudantes e trabalhadores liderados pelo Grupo de Osasco realizaram sua ação de sabotagem com o objetivo de denunciar para o povo as arbitrariedades da ditadura: repressão, censura aos movimentos sociais, arrocho salarial, entre outros.

Após este episódio, com a direção comandada por José Ibrahin na mira dos militares, a realização de uma grande greve entre os metalúrgicos de Osasco foi uma questão de tempo.

Greve de 1968

No dia 16 de julho de 1968, uma terça-feira, os operários da Cobrasma pararam as máquinas e após o toque da sirene do turno da manhã deram início à greve.

As principais reivindicações eram: aumento salarial de 35%, o reconhecimento das comissões de fábrica, a garantia de que nenhum membro das comissões seria demitido e o fim do arrocho salarial.

Prontamente patrões e militares acionaram o aparelho repressivo do Estado. Não houve diálogo e nenhuma reivindicação foi atendida e a greve reprimida com violência. Mas o movimento continuou por mais de uma semana e tomou grandes proporções, sensibilizando setores da sociedade de todo o País.

A greve dos metalúrgicos de Osasco de 1968 se tornou símbolo de organização e resistência entre os trabalhadores deixando grandes aprendizados como: as estratégias e a firmeza da ação sindical, os princípios de organização dos trabalhadores pela base, de democratização dos sindicatos e de liberdade e autonomia sindical marcaram este processo.

Junta governativa

Depois da greve o general Moacir Gaya, da Delegacia Regional do Trabalho, nomeou provisoriamente um interventor totalmente estranho à categoria, o ex-pracinha Neutair Pithan e Silva. O general aventou dar continuidade à gestão da diretoria eleita em 1967, com os suplentes assumindo as vagas dos diretores impedidos de retornar. Mas eles não aceitaram a proposta, uma vez que estavam solidários a José Ibrahin. Henos Amorina também era contrário a essa manobra da intervenção e defendia que a diretoria deveria terminar seu mandato.

A DRT partiu para seu segundo plano: a instalação de uma “junta governativa” e, à frente dela, o metalúrgico Roberto Unger assumiu o Sindicato. Com perfil conservador, Unger implementou um sindicalismo despolitizado desde que chegou à Presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, em setembro de 1968.

Em março de 1969, com toda a militância expulsa do Sindicato, ele foi eleito com tranquilidade e baixo índice de abstenção. Entre 1969 e 1972, embora o Sindicato não tenha mostrado nenhum sinal de mobilização política e nem grandes contatos com a categoria, sua base territorial se estendeu sua para os municípios de Taboão da Serra, Itapecerica da Serra e Embu.

Nos anos que se seguiram à greve e às prisões, Conrado Del Papa, continuou frequentando o Sindicato e, junto com Henos, trabalhou para resgatar os princípios fundamentais da fundação da entidade.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18