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“A classe trabalhadora precisa estar atenta à transição ecológica”, diz Dieese

Por Auris Sousa | 14 abr 2025

Em entrevista para a imprensa do Sindicato, Adriana Marcolino, diretora técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), alertou como as profundas transformações geradas pela transição ecológica podem impactar a vida dos trabalhadores, ao defender que “a classe trabalhadora precisa estar atenta à transição ecológica porque é uma proposta de um novo paradigma de produção e também de repensar o consumo”.

Jornada Nacional de Debates teve início na quarta-feira, 9, com o tema: “Trabalho, Meio Ambiente e Transição Justa – Rumo à COP 30” [Foto^Força Sindical]

O assunto norteou os debates do lançamento na quarta-feira, 9, da Jornada Nacional de Debates, que teve como tema: “Trabalho, Meio Ambiente e Transição Justa – Rumo à COP 30”. O evento é organizado pelo Dieese e pelas centrais sindicais, com o apoio da Labora – Fundo de Apoio ao Trabalho Digno.

Sindicato esteve presente no lançamento da Jornada de Debates [Foto: Divulgação]

O Sindicato, representados pela vice-presidente do Sindicato, Mônica Veloso, pelo secretário-geral João Batista e pelos diretores Alex da Força, Carlos Eduardo (Garrafa), Eliana Moura e Waldinoel Arruda, esteve presente, reforçando o compromisso com a construção de um futuro sustentável e socialmente justo.

Entrevista:

Adriana Marcolino: diretora técnica do Dieese, durante lançamento [Foto: Dieese]

Imprensa Sindicato: Adriana, por que a classe trabalhadora precisa estar atenta a transição ecológica?

Adriana Marcolino: A classe trabalhadora precisa estar atenta à transição ecológica porque é uma proposta de um novo paradigma de produção e também de repensar o consumo.  Só que para a gente transitar dos processos produtivos, de serviços, modos de vida que hoje são poluentes e então passar por um processo de descarbonização, vai ter transformações profundas e isso vai impactar diretamente os trabalhadores. Setores que hoje são grandes emissores de gases de efeito estufa vão ter que passar por alguma transformação e isso pode ter impacto na vida dos trabalhadores de várias ordens, pode ser que novos setores sejam abertos e setores antigos sejam fechados.

Imprensa Sindicato: Os trabalhadores, então, precisarão de qualificação profissional para as novas vagas?

Adriana Marcolino: Essas novas vagas podem não ser abertas na mesma região do trabalhador, a gente pode ter migração interna, fluxos de pessoas, enfim, um conjunto de questões que podem estar relacionadas a essa transição.

Imprensa Sindicato: Mesmo diante de tantos desafios, por que a transição ecológica é necessária?

Adriana Marcolino: A gente já vive hoje os efeitos da emergência climática, as ondas de calor, as enchentes, as secas que hoje já afetam a classe trabalhadora. Diferente das populações mais ricas, a classe trabalhadora não tem tantos meios para se proteger desses eventos, então, no caso das enchentes, a gente viu pessoas que perderam casa ou até mesmo a vida.

As ondas de calor também afetam de modo particular os locais de trabalho. Os principais afetados são aqueles trabalhadores que trabalham na rua, na construção civil, no turismo, na agricultura, os ambulantes. Mas também têm aqueles que estão dentro das fábricas, que não têm sistemas de refrigeramento que suportem as ondas de calor, o que faz com que os trabalhadores acabem tendo problemas de saúde relacionados a isso.

Imprensa Sindicato: Somos afetados de qualquer forma…

Adriana Marcolino: Por isso que a classe trabalhadora precisa estar atenta, seja porque na transição a gente precisa acompanhar as medidas, seja porque os efeitos hoje já são sentidos pela classe trabalhadora. Então, discutir a transição ecológica é urgente.

Se a gente vai promover uma mudança dessa escala na sociedade, então é importante que a gente coloque no centro desse debate a vida e empregos de qualidade, o combate às desigualdades.

Imprensa Sindicato: Em se tratando de transição justa, qual seria a ideal para a classe trabalhadora?

Adriana Marcolino: É necessário fazer a transição ecológica orientada pela transição justa. Ou seja, é incluir elementos nessa transição que reduzam a desigualdade, que promovam trabalhos de qualidade, que considerem as comunidades e os possíveis efeitos tanto da transição como da emergência climática. Então incluir um debate sobre igualdade, incluir na transição, no debate do ambientalmente sustentável, também o socialmente justo.

Movimento sindical presente no lançamento da jornada [Foto: Força Sindical]

Imprensa Sindicato: Qual avaliação você faz do primeiro dia da Jornada Nacional de Debates?

Adriana Marcolino: Foi um sucesso. A gente teve o Auditório do Dieese lotado, teve muita participação dos dirigentes sindicais, o que eu acho que demonstra que esse tema de fato chegou para ficar no movimento sindical, que vai precisar intervir tanto nos espaços nacionais, inclusive de articulação global sobre esse tema, levando sua pauta, mas também no território, no sindicato de baixo, onde as coisas estão acontecendo.

Então o movimento sindical precisa se apropriar dessa temática para poder fazer esse trabalho. E a atividade demonstrou que o movimento sindical está interessado nesse tema e com certeza vai intervir nessa pauta cada vez mais.

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