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Quando a inclusão é sentida

Por Auris Sousa | 20 set 2018

O que um encontro de inclusão significa para uma pessoa com deficiência? No caso de Jerfson Silva de Sousa, deficiente físico, foi um momento de identificação em que ele se sentiu representado. Ele, que trabalha na Spaal, participava nesta terça-feira, 18, do encontro sobre atitude e boas práticas para inclusão de trabalhadores com deficiência, que aconteceu na sede do Sindicato, quando se sentiu notado: “É muito interessante, a gente se sente visto por todos”.

Dar visibilidade para a inclusão de pessoas com deficiência é o que move o Espaço da Cidadania e seus parceiros pela inclusão, que mostraram no encontro uma verdadeira enxurrada de representatividade do começo ao fim. Teve apresentação do Coral de Libras “Atitude e Ação” de Osasco. Recebeu a exposição “Visão e Revisão, conceito e Pré-Conceito” do cartunista Ricardo Ferraz, que teve paralisia infantil.  Bem como o lançamento da cartilha “Inclusão é Atitude! Qual é a Tua?”, desenvolvida pelo Espaço e seus parceiros, com o principal objetivo de combater o preconceito e levar informação.

“Encontros como estes só oferecem melhorias, tanto para quem tem e não tem deficiência, como para as empresas. Isso é muito interessante”, destacou o companheiro Jerfson, que como todos os brasileiros deseja uma sociedade melhor, com atitudes melhores. Para isso, o Encontro mostrou que o diálogo pode fazer toda a diferença, e barrar retrocessos.

“Ações como esta, seguramente, cumprem um papel importante e nos dá oportunidade de dialogar com pessoas que querem fazer uma sociedade melhor”, enfatizou o presidente do Sindicato, Jorge Nazareno, que destacou a dificuldade de se falar em trabalhador decente, depois da aprovação da reforma trabalhista. “Agora a nossa luta é ainda maior, inclusive ao que se refere a contratação de pessoas com deficiências. Temos que apostar em vários instrumentos de luta para barrar o retrocesso”, alertou Jorge.

Já Ronaldo Freixeda, Gerente Regional do Trabalho de Osasco e Região, chamou a atenção sobre a pouca participação de gestores de RH em ações pela inclusão, “que, como esta, são importantes para difundir ideias e levar o conhecimento”. Também falou das dificuldades do Ministério do Trabalho, como o número restrito de auditores fiscais e apontou a criatividade e a tecnologia como recursos para mudar o cenário.

José Carlos do Carmo, Auditor Fiscal da SRTb/SP e Coordenador do Projeto de Inclusão da Pessoa com Deficiência em São Paulo, destacou a importância da ação do Sindicato em defesa do direito ao trabalho da pessoa com deficiência, e criticou o contrato de trabalho intermitente, legalizado pela Reforma Trabalhista. Já de olho nos riscos que a pratica pode oferecer para os trabalhadores com deficiência, como diminuir a qualidade das vagas para o cumprimento da Lei de Cotas, informou que a Secretaria, em parceria com o Ministério Público do Trabalho, assumiu “uma posição conjunta e deixou claro que a empresa que, por ventura, chegar com este tipo de contrato não terá reconhecido para fins de cumprimento de cota”.

Tecnologia a favor da informação – Por áudio, Valdirene Silva de Assis, Coordenadora Nacional da Coordigualdade, participou do Encontro e falou sobre discriminação. Explicou, por exemplo, que “a empresa que oferece uma vaga para um trabalhador com deficiência, mas não assegura acessibilidade para que ele desempenhe a sua função, está cometendo ato de descriminação”. E alertou que: “praticar, induzir, ou incitar discriminação em razão de deficiência resulta numa pena de reclusão de uma a três anos, além de multa”. Valdirene propôs, inclusive, um olhar mais cuidadoso para este aspecto penal nos próximos encontros para sensibilizar as pessoas sobre esta lei.

Na contramão da discriminação está a cartilha, “Inclusão é Atitude” Qual é a tua”, além de ajudar o leitor a fazer uma reflexão sobre a inclusão no mercado de trabalho, derruba mitos e atos discriminatórios que só prejudicam a contratação de pessoas com deficiências, a inclusão de fato. Os participantes do encontro receberam algumas edições da cartilha, que também pode ser solicitada pelo [email protected].

Ao todo, 41 pessoas de diversas entidades fizeram parte da construção da cartilha, num trabalho de rede que tomou todo cuidado para levar informação de forma ágil para todas as pessoas. Foram onze reuniões até a conclusão da cartilha, que têm cópia acessível em Braille (leitura tátil), em CD MP3 (para ouvir) ou um CD com texto em Word (para leitura).

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18