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Governo prejudica população de baixa renda

Por Cristiane Alves | 08 jan 2015

Ao tomar as primeiras medidas na área econômica para o novo mandato da presidente Dilma Rousseff, o governo federal acendeu o sinal amarelo nas centrais sindicais, que falam em endurecer o discurso na marcha que as centrais preparam para a largada do ano legislativo. É o que diz o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

Ao Poder Online, ele indicou que a situação, por enquanto, é apenas de apreensão. Mas disse que a central recebeu muito mal as medidas que alteraram benefícios trabalhistas como o seguro-desemprego e o abono salarial. As declarações recentes do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, apontando a possibilidade de mudar as regras do salário mínimo, também preocupam, embora a avaliação seja a de que Dilma corrigiu rapidamente a afirmação.

“A presidente Dilma precisa manter suas promessas de campanha”, cobrou o dirigente sindical, em referência ao compromisso de Dilma de não mexer em direitos trabalhistas. “As restrições que foram impostas ao seguro-desemprego e ao abono salarial prejudicam uma parcela importante da população. O governo está prejudicando a população de baixa renda”, emenda. Confira os principais trechos da entrevista:

Como a Força recebeu esses primeiros sinais emitidos pelo governo na área econômica?

A nossa visão é clara: nós achamos que a presidente Dilma precisa manter suas promessas de campanha. As restrições que foram impostas ao seguro-desemprego e ao abono salarial prejudicam uma parcela importante da população. O governo está prejudicando a população de baixa renda. Agora, as declarações do ministro Nelson Barbosa sobre o mínimo também preocupam. É importante ressaltar que a presidente consertou rapidamente a situação e retomou seus compromissos com os trabalhadores. Mas isso mostra mais uma vez que a equipe econômica escolhida para o novo governo não tem esses mesmos compromissos firmados por ela na campanha.

 Vocês planejam responder de que forma a esse cenário?

Teremos uma reunião de todas as centrais em janeiro agora, para traçar claramente quais serão as nossas bandeiras trabalhistas e sociais. E aí veremos o que será feito.

 O governo diz que, em parte, está corrigindo distorções no pagamento desses benefícios trabalhistas. O argumento não é válido?

O que as primeiras medidas tomadas fazem é atingir quem não tem nada a ver com as distorções em questão, com as fraudes. O governo dispõe de mecanismos para coibir fraudes, tem o Ministério Público, pode conter registros falsos em carteira, por exemplo. O governo deu uma desculpa, baseado em algo que realmente acontece, que é a fraude. Mas, com isso, atingiu milhares de pessoas que dependem desse dinheiro. Mas temos muito claro que não foi justo. Não foi uma boa medida, principalmente considerando que esta foi a primeira decisão tomada pela nova equipe.

As centrais falam em manifestações?

Todo começo de ano legislativo, nós iorganizamos uma grande marcha, entre o fim de fevereiro e começo de março. Podemos levar nossas reivindicações para lá.

Ou seja, ir para a rua com um discurso mais duro?

Com certeza. Se for preciso, vamos mostrar claramente para toda a sociedade que as centrais sindicais acreditam no desenvolvimento do Brasil. E que cortar esses R$ 18 bilhões, como eles dizem, não significa que esse dinheiro vá para o consumo, para o empresariado. Prejudica a sociedade como um todo.

 No caso específico da regra de valorização do mínimo, o que significaria uma alteração, na visão de vocês?

O ministro tem uma visão diferente da nossa. Ele se baseia em estudos que trabalham em cima da média salarial. A regra atual, na nossa avaliação, precisa ser entendida dentro de todo o contexto. Ou seja, é preciso olhar todo o período, anos. E veremos que a valorização é real. Tem altos e baixos, mas temos que considerar o todo. E o nosso entendimento é que as coisas, como funcionam hoje, obrigam toda a sociedade a se mobilizar para que o PIB cresça. É um motor de crescimento. De qualquer forma, foi importante a presidente pedir uma correção do que foi dito pelo ministro Nelson Barbosa. Assim, ela reafirmou seu compromisso com as centrais e com os trabalhadores.

Fonte: Força Sindical – entrevista concedida ao Portal IG coluna Poder Oline

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #11