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Força Sindical discute situação dos negros no mercado de trabalho

Por Auris Sousa | 04 jun 2014

A Secretaria Estadual de Políticas para Igualdade Racial da Força Sindical de S. Paulo – a segunda maior central sindical do país – realiza nesta quinta-feira, 5, em sua sede em São Paulo, seminário sobre o tema “Trabalho Decente e a Situação dos Negros no Mercado de Trabalho, Cotas e os Impactos Sociais”, com palestra do advogado e jornalista Dojival Vieira, editor de Afropress, sobre “Cotas e os Impactos Sociais”.

Força Sindical debate presença dos trabalhadores negros no mercado de trabalho

A Força participa da “Agenda de Trabalho Decente do Estado de S. Paulo” e o seminário que acontece à Rua Rocha Pombo, 94, 1º andar, bairro da Liberdade, a partir das 9h – tem como objetivo “obter uma fotografia situacional que nos norteará como diretrizes de ações vindouras”.

O presidente estadual da central, Danilo Pereira da Silva destaca que “a Força tem procurado debater temas pertinentes à relação capital x trabalho com o objetivo de municiar os dirigentes sindicais na construção de relações mais equiparáveis e sensíveis às causas da exclusão social”.

Para o secretário Estadual de Políticas para a Igualdade Racial, Francisco Quintino, o tema da desigualdade racial no mercado de trabalho precisa começar a ser incluído nas negociações dos acordos coletivos das várias categorias: “Existem muitos exemplos de negociações bem sucedidas que beneficiam inclusão de milhares de negros e negras no mercado de trabalho. No conjunto das ações da nossa secretaria está a tarefa da realização de pesquisa interna e catalogação da produção de cláusulas trabalhistas resultantes de negociações coletivas”, destacou.

Leia a entrevista concedida por Francisco Quintino à Afropress.

Afropress – Como a Força Sindical, como uma das maiores centrais sindicais do Brasil, está tratando o tema da desigualdade étnicorracial no mercado de trabalho?

Francisco Quintino – Em 1.995 a Força Sindical participou da criação do Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial (INSPIR), fruto de uma articulação política entre as centrais sindicais brasileiras – CUT, CGT, UGT, junto com a organização norte-americana AFL-CIO e a ORIT (CSA-CSI). Desde então trabalhamos com ações direcionadas na perspectiva racial de inclusão sócio-econômica dos trabalhadores e trabalhadores negros e negras no mercado de trabalho e na sociedade. A Força Sindical, por meio da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, criada com a finalidade de atuar em diversas atividades dos diversos fóruns de discussões, ampliando a conscientização e engajamento dos dirigentes sindicais da nossa central sindical, para a luta cotidiana e necessária contra todas as manifestações de preconceitos e discriminações, sobretudo racial.

Afropress – Como secretário da Igualdade Racial quais as iniciativas que já tomou e que pretende tomar para isso?

FQ – No comando de Danilo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical/SP, a atual gestão apresentou um plano com objetivo de manter viva a discussão dos temas raciais pertinentes à relação capital-trabalho de assim instrumentalizar dirigentes sindicais da Força na construção e defesa da pauta racial.

Acentuar nossa participação na Agenda do Trabalho Decente, de modo que a Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial da Força realizará este Seminário em S. Paulo. Pretendemos observar quais os avanços até aqui, os frutos das ações desenvolvidas e perspectivas de ampliação das conquistas no mercado de trabalho e na sociedade.

Afropress – Considera possível incluir o tema da desigualdade racial nas negociações dos acordos coletivos das várias categorias?

FQ – Sim, é possível, existem muitos exemplos de negociações bem sucedidas que beneficiam a inclusão de milhares de negros e negras no mercado de trabalho. No conjunto das ações da nossa Secretaria está a tarefa da realização de pesquisa interna e catalogar a produção de cláusulas trabalhistas resultantes de negociações coletivas. Temos na Força Sindical/SP mais de 600 entidades sindicais filiadas, o que representa cerca de 50% de todos os filiados na Força Sindical Brasil, com representação em torno de 4,5 milhões de trabalhadores e trabalhadoras na base desses sindicatos. Tem um desafio de pesquisa enorme pela frente, tenho fé que a soma dos esforços propiciará um relatório pertinente e atualizado.

Afropress – Como os negros e as mulheres estão representados nos cargos de comando e direção da Força Sindical?

FQ – A cada Congresso da Força Sindical S. Paulo e Brasil amplia-se a presença de negros, mulheres e jovens sindicalistas nos postos de direção executiva. Isso se dá por conta da firmeza nas reivindicações e articulações envolvidas por lideranças competentes à frente de suas pastas temáticas. A Central, por sua vez sensível, democrática e plural, executa e adapta-se as deliberações dos congressos sindicais.

Afropress – Faça as considerações que julgar pertinentes.

FQ – O Estatuto da Igualdade Racial, bem como políticas de ações afirmativas nos Municípios e Estados, reserva de 20% das vagas para negros e negras em concursos públicos federais, recentemente aprovado pelo Senado, apresentarão resultados satisfatórios a partir da vontade política dos gestores. De nada adiantará criar leis e não aplica-las. O time dos contra tem peso. Outra questão importante, desde o regime colonial até os dias atuais, as demandas raciais, efeitos e consequências, dos mais de 350 anos de escravidão, sobrepõem as ideologias partidárias. Necessidades inadiáveis e anseios da comunidade negra brasileira não devem se limitar a questão apenas de políticas partidárias, mas elevar-se a políticas permanentes de Estado.

Confira a programação do seminário.

09h – Recepção – Café da Manhã
09h30 – Mesa de Abertura:
10h30 – 1º Painel – Negros e o Mercado de Trabalho: Resultados da Construção Histórica e os Avanços das Lutas;
11h – 2º Painel – As Cotas para Negros e seus Impactos Sociais;
11h30 – Plenária
12h – Encerramento

[Foto: Divulgação]

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18