Meninas com menos de 14 anos foram as principais vítimas de violência sexual em 2022, quando o Brasil registrou o total de 12.477 casos, segundo o Atlas da Violência lançado na terça-feira, 18. O relatório é organizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Segundo ele, em 2022, 30,4% da violência sofrida por meninas na faixa de 0 a 9 anos teve caráter sexual. Na faixa etária de 10 a 14 anos, o número é ainda maior, de 49,6%. Entre 15 e 19 anos, foi de 21,7%. Depois disso, ele cai para 10,3% de 20 a 24 anos. A redução continua, nas faixas seguintes, até chegar a 1,1% no grupo acima de 80 anos.

30,4% da violência sofrida por meninas na faixa de 0 a 9 anos teve caráter sexual

Os dados dão força para os críticos do PL (Projeto de Lei) 1904/2024, o PL do estupro, que endurece a punição para mulheres e meninas que abortarem, mesmo em caso de estupro, após a 22º semana de gestação. O Sindicato está entre as entidades que se posicionaram contra o PL.

Subnotificação – Vale ressaltar que os dados informados pelo Atlas têm como base os registros do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), ou seja, apenas pelos casos oficialmente registrados. Isso significa que o número de vítimas de violência sexual no país pode ser ainda maior que os 12.477.

Quando o assunto é violência doméstica, o número ainda é maior. Veja no quadro abaixo:

76% das vítimas de homicídio no Brasil são negras

Quando o assunto é homicídio, os homens negros são as vítimas mais frequentes. Em 2022, segundo o Atlas, 35.531 negros foram mortos intencionalmente no Brasil, isso equivale a 76,5% do total.

No recorte por idade, os jovens lideram o triste ranking de vidas interrompidas. De acordo com o relatório, no mesmo período, jovens entre 15 e 29 anos, representaram 49,2% do total de homicídios no país. Foram 22.864 jovens mortos, uma média de 62 por dia no país.

Em 2022, o Brasil registou 8.028 denúncias de violência contra homossexuais e bissexuais

O relatório também analisou a violência em relação a população LGBTQIAPN+. Em 2022, 8.028 pessoas foram vítimas de violência no Brasil. Em termos de orientação sexual, 72,5% (5.826 pessoas) das vítimas eram homossexuais e 27,4% (2.202) eram bissexuais. A maior parte das vítimas são mulheres: 67,1%, quase o dobro do número de homens (32,7%). O perfil racial das pessoas LGNTQIAPN+ vítimas de violências é, em sua maioria (55,6%), de pessoas negras; outros 39,2% são brancos, 1,1% são amarelos e 0,7% são indígenas.

Leia também: 

Sindicato participa do ato pela redução de juros