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Quando a deficiência é só um detalhe

Por Auris Sousa | 24 jun 2019

Há um mês, Mariana Lima Mendes, de 31 anos, trabalha na Albras como auxiliar de produção. Ela tem deficiência física nos braços, em decorrência de uma queimadura de terceiro grau que sofreu quando ainda tinha seis anos.

Desde então, passou por diversas cirurgias para reconstituir parte da face e dos membros superiores. Para ela, o simples movimento de esticar os braços é praticamente impossível. Condição que não atrapalha em nada a sua disposição para trabalhar, o seu profissionalismo e jeito com as peças.

Mariana (esquerda) é a mais nova contratada pela Albras

“A gente tem que procurar as oportunidades, evoluir e se superar. Cada dia é uma superação. Com força de vontade a gente consegue, tem que dar o primeiro passo e ver que todos nós somos iguais”, avalia ela, que trabalhou por dez anos em uma grande empresa do ramo de cosméticos, também na área de produção.

Para mostrar que todos têm potenciais e talentos, é preciso engajar as equipes e as lideranças de cada setor. Foi o que afirmou e fez Silvia Godoy Nogueira, gerente de RH (Recursos Humanos) da Albras, que implantou na empresa um treinamento de ética, no qual é trabalhado a importância da diversidade e respeito no ambiente de trabalho.

A frente ao RH da metalúrgica há quatro meses, ela já regularizou a situação da empresa em relação a Lei de Cotas. Para isso, contratou mais 23 trabalhadores com deficiências em tempo recorde. “Deficiência não limita a performance das pessoas. Não podemos subestimar a capacidade da pessoa por uma deficiência que ela tenha. Fazer isso é injusto. Tem muitas pessoas com deficiência que se superam e aqui temos dois ótimos exemplos de profissionais com deficiências que são exemplares”, disse.

Mariana, Fabio Fabrício e Silvia em sala de reunião da Albras

Além de Mariana, a lista de recém-contratados da Albras envolve pessoas com deficiência auditiva, física, intelectual, gagueira intensa e reabilitados do INSS. Todos foram contratos como auxiliares de produção, com a exceção de um companheiro que é mecânico. “Todos têm perfil para se desenvolver, vai depender deles, assim como todos os outros funcionários”, explicou Silvia. Sobre o dia-a-dia destes trabalhadores, Silvia do RH é categórica: “não existe tratamento exclusivo, é uma inclusão. As mesmas cobranças e oportunidades acontecem para todos”.

Sobre as dificuldades, Silvia não nega, elas existem: “ainda não temos condições de contratar um cadeirante, por exemplo”. Já no processo de contratação e permanência dos trabalhadores ela destaca que a inclusão é possível. “As dificuldades existem, mas o RH tem que se envolver, não só na contratação. Ele tem que contratar, selecionar e acompanhar a pessoa durante todo o processo profissional dela. Tendo deficiência ou não. O RH não é só fazer folha, não pode esquecer a parte humana também”, enfatiza.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18