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Encontro Regional reúne sociedade para debater inclusão no mercado de trabalho

Por Auris Sousa | 07 ago 2025

Por Auris Sousa e Igor Souza

Evento reuniu experiências, desafios e soluções para a empregabilidade da pessoa com deficiência

A união de esforços entre 27 organizações lotou o auditório da OAB-Osasco nesta quarta-feira, 6, durante o Encontro Regional sobre Empregabilidade da Pessoa com Deficiência e Aplicabilidade da Lei de Cotas. O evento foi marcado por depoimentos, apresentações de boas práticas e um firme chamado à mobilização para garantir que a Lei de Cotas continue sendo uma ferramenta efetiva de inclusão. Isto porque “ninguém faz nada sozinho”.

A expectativa dos organizadores é mudar a realidade da contratação de pessoas com deficiência na região, que tem 16.837 vagas destinadas a Lei de Cotas em aberto. A alegação de que faltam profissionais não se sustenta: são 173.667 pessoas com deficiência e diagnóstico de autismo com 25 anos ou mais, sendo que 61.916 têm ensino médio ou superior.

“Há candidatos qualificados, o que falta é compromisso das empresas. O Encontro deve abrir espaços, porque estamos numa movimentação bacana”, avalia Carlos Aparício Clemente, coordenador do Espaço da Cidadania, que fez os levantamentos.

Na abertura, representantes dos organizadores do Encontro destacaram que a inclusão é uma questão urgente. “Queremos, nesta tarde, mostrar que a inclusão da pessoa com deficiência é possível, que ela pode ser feita com qualidade e, acima de tudo, que esse é um direito que precisa ser garantido”, disse a Gerente Regional do Trabalho, Deise Canhisares, idealizadora do evento.

Caminhos para a Inclusão

Renildo, trabalhador metalúrgico.

Com o auditório lotado por autoridades do setor, sindicatos, empresas, órgãos públicos, especialistas e entidades que atuam com pessoas com deficiência, a programação teve início com o compartilhamento de experiências de trabalhadores com deficiência no mercado formal de trabalho. Entre os convidados, estava o metalúrgico Renildo, que trabalha na Cinpal. Ele resumiu bem a importância da oportunidade: “Temos capacidade, basta dar oportunidade. Dê oportunidade e vamos mostrar nosso potencial. Todo mundo tem problemas, cada um com o seu”.

Eduardo Halim, coordenador do Projeto de Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho da SRTE/SP, falando para os presentes no encontro.

Na sequência, Eduardo Halim, coordenador do Projeto de Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho da SRTE/SP, fez um resgate histórico da Lei de Cotas. Ele reforçou que a legislação está bem estruturada “não se deve permitir que se mexam na Lei porque ela está adequada e tem lastro na Constituição do país”.

Halim também reforçou o papel do Ministério do Trabalho e Emprego para o cumprimento da Lei. “Nosso papel é fazer com que a lei tenha efetividade, que ela seja cumprida. Não é atuar, não é multar, como muitos acreditam. Quando há autuação significa que o objetivo não foi alcançado”, explica.

Solange Cristina, Diretora do Departamento de Apoio à Inclusão do Trabalhador da Secretaria de Emprego e Renda de Osasco, falando no encontro.

Solange Cristina, Diretora do Departamento de Apoio à Inclusão do Trabalhador da Secretaria de Emprego e Renda de Osasco apresentou ações desenvolvidas na cidade para promover a contratação de pessoas com deficiência. Uma delas é a realização de feirões de emprego específicos para o público. “Em média, 400 pessoas são contratadas em cada feirão realizado”, afirmou. Ela também apontou um dos principais desafios da inclusão: a permanência no emprego. “Tem empresas que não se adaptam para receber o trabalhador, e tem trabalhadores que não conseguem se adaptar à empresa. Aí acabam retornando no feirão seguinte.”

Da esquerda para a direita: Roberta Janine, Gerente de Desenvolvimento Organizacional da Modular; Roseli, mediadora da mesa 3; e Maria de Fátima, Coordenadora do Programa Coexistir do Sincovaga.

Apesar das dificuldades, o evento também mostrou que é possível fazer diferente. Um exemplo é a empresa Modular, que mantém um número importante de trabalhadores com deficiência em seu quadro. “Participamos de mutirão para encontrar as pessoas com deficiência, visitamos secretárias. O primeiro grupo veio com estas iniciativas. Depois um contratado indica outro e hoje já recebemos bastantes currículos”, disse Roberta Janine, Gerente de Desenvolvimento Organizacional da Modular.

Outro destaque da programação foi a apresentação do programa Coexistir, do Sicovaga, feita por Maria de Fátima, coordenadora do projeto. A iniciativa realiza diversas ações de sensibilização e incentivo à contratação de pessoas com deficiência, promovendo o diálogo entre empregadores, sociedade civil e trabalhadores.

As reflexões e práticas compartilhadas durante o Encontro podem e devem contribuir para mudar o cenário de exclusão e reforçar o compromisso com a contratação de pessoas com deficiência. 

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