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Casos de estupro mostram a naturalização do crime

Por Auris Sousa | 02 jun 2016

A naturalização do estupro transforma vítimas em culpadas, é o que mostram os casos, especialmente aqueles que ganham grande repercussão na mídia. A naturalização ou cultura deste crime é afirmada quando o agressor, sem um pingo de receio, divulga o ato entre amigos, em programa de televisão ou em redes sociais.

O último caso agitou o feriado prolongado. A vítima tem 16 anos e mora no Rio de Janeiro. Foi abusada sexualmente por 33 homens. Também foi violentada muitas outras vezes por centenas de compartilhamentos e curtidas nas redes sociais. Isso porque, sem medo de qualquer punição, um dos envolvidos filmou e jogou detalhes do corpo da menina na rede. Além disso, satirizou o acontecido.

O duplo crime – estupro e divulgação das imagens – teve vários comentários. De gente contra e a favor da vítima.  Isso prova que, enquanto o lastro cultural ao redor permanece engajado na culpa da vítima, de pouco importam as leis que contemplam a punição de infratores. Exemplo disso é o primeiro delegado responsável pela investigação. Ele alegou que não tinha provas suficientes para afirmar se foi estupro ou não.

O 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2014, mostra que acontece um estupro a cada 11 minutos no Brasil, ou 47,6 mil no ano. No entanto, não existem dados acessíveis de quantas pessoas foram punidas por este tipo de crime. Omissão que se torna cúmplice da cultura do estupro.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18