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Ciclo em Taboão mostra que organização dos trabalhadores pode barrar retrocessos

Por Auris Sousa | 10 jul 2019

Só a organização dos trabalhadores pode barrar o assédio moral, os ataques a aposentadoria, Seguridade Social e as normas regulamentadoras. Foi o que mostrou o primeiro encontro do Ciclo de Debates, que aconteceu em 4 de julho na subsede de Taboão da Serra.  

A médica do trabalho Margarida Barreto iniciou os debates ao falar de assédio moral. Para isso, explicou que as mudanças no mundo do trabalho formam terreno propício para a prática, que a cada ano atinge mais trabalhadores. “Exemplo disso é a redução do número de trabalhadores. Aqueles que ficam acabam sobrecarregados, realizando tarefas que corresponderiam a dois ou três funcionários”, ressaltou Margarida.

Mas não é só isso. O assédio moral se dá por meio de ações que, quando tomados separadamente, podem parecer insignificantes, mas cujas repetições constantes têm efeitos bastante nocivos. “Ele desestabiliza emocionalmente a vítima do assédio, destrói o coletivo e a rede de comunicação no ambiente de trabalho”, explicou Margarida Barreto, que defende a luta conjunta contra o assédio.

“Me identifiquei com o que a doutora falou. Adoeci por causa do emprego, sofri vários danos. Só me restabeleci depois que sai da empresa e consegui me tratar. Hoje estudo para também zelar a saúde do próximo”, contou Carla Roberta, estudante do curso de segurança da Escola Sequencial. 

Em seguida foi a vez do advogado Antonio Rebouças, especialista em questões previdenciárias, aguçar o tema em torno da reforma da Previdência. Para situar os companheiros, ele contou que a Previdência Social nasceu graças a luta dos trabalhadores, enfatizou que o interesse o atual governo é tonar tudo privado e ressaltou que não é este o melhor caminho para o país.

“O sistema que querem implantar é falho. Na Previdência, a aposentadoria é para sempre. No privado, é até um certo momento, depois adeus. Quem ficar doente, por exemplo, vai ter proteção por alguns meses, depois tchau e benção, não vai mais receber. Tem outros interesses por trás deste sistema [de capitalização], o que estão fazendo é para beneficiar bancos”, enfatiza Rebouças.

Já Rogério de Jesus, Técnico de Segurança do Trabalho, “amarrou” os assuntos anteriores que existem para garantir os interesses de poucos, e passou informações importantes sobre a importância da Convenção Coletiva. Para isto, ressaltou a necessidade de defendermos as normas regulamentadoras, que estão na mira no atual governo. “As normas não são as únicas ferramentas para atingirmos a saúde e segurança dos trabalhadores, mas elas são extremamentes importantes”, destacou.

Necessário também é defender a Convenção, é por meio dela que os trabalhadores têm garantias que devem ser respeitadas pelos trabalhadores. Para mantê-las, é importante que os trabalhadores e organizem e fortaleçam seu sindicato. “Todos deveriam participar destes encontros, informação de qualidade faz toda diferença e o povo precisa deixar de acreditar em fake news”, avaliou um companheiro da Spaal. 

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18