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Sindicatos chamam trabalhadores para reforçar a luta contra terceirização

Por Auris Sousa | 30 abr 2015

Em ato unificado nesta quinta-feira, 30, os sindicatos da região, inclusive o nosso, pré-aqueceram com luta a celebração do 1º de maio. A mobilização, que aconteceu em frente à CPTM, reforçou a batalha contra o projeto de lei 4330, que amplia a terceirização, e numa tribuna livre deu voz aos trabalhadores que se juntaram ao ato.

De longe, Lucas Henrique, de 17 anos, assistia ao ato. Ele ainda não ingressou no mercado de trabalho. Não conhece as Leis Trabalhistas. Não sabe o que é a terceirização. Curioso, interrompeu o seu trajeto para saber o que se passava no local. Aos poucos conseguiu entender o que se passava. “Não sei o que é terceirização, mas pelo o que eu ouvi aqui é algo ruim e que prejudica os trabalhadores”, contou.

Jorge pediu para os trabalhadores mandarem mensagem para os senadores contra a terceirização

Enquanto o jovem tenta compreender o que é terceirização e precarização de direitos trabalhistas, o pernambucano Gilselino Gonçalves, de 46 anos, fala sobre o assunto com segurança. “Não acho isso certo. O trabalhador já não é valorizado quando trabalha na própria empresa que o contratou, imagina quando ele contratado por uma terceirizada?”, questionou. “Isso não dá certo não”, completou.

Há 20 anos Gonçalves se dedica na profissão de pintor. Ele é autônomo, não pretende engordar a estatística daqueles que estão em busca de um emprego formal. Mas isso não o impediu de contribuir com a luta, ele fez questão de participar da tribuna. “Vou mandar um recado para Dilma: Dilma Rousseff,  lute para não conseguir assinar essa lei da terceirização, isso é uma vergonha. Você defende o nosso país, o Brasil. Então põe o pé no chão e dê a cara para bater Dilma Rousseff”, falou em alto e bom som.

O presidente do nosso Sindicato, Jorge Nazareno, ressaltou que o PL 4330 é uma afronta a organização dos trabalhadores. “Queremos que 12 mil [trabalhadores hoje em situação de terceirização] tenham seus direitos reconhecidos, mas não queremos a precarização dos demais”. Otimista, Jorge acredita que o projeto será barrado no Senado. “Pelo que temos ouvido [do presidente do Senado , Renan Calheiros], este projeto não passa no Senado, mas, para fortalecermos este entendimento, vamos nos manifestar. Entrem no site do Senado e, por e-mail, mandem mensagens para os senadores. Peçam para que eles rejeitem esta proposta”, orientou Jorge.

Diretor Gilberto incentivou os trabalhadores a se mobilizarem cotra o PL 4330

Unidade por direitos – Metalúrgicos, comerciários, bancários, químicos, entre outras categorias, fortaleceram a batalha em defesa dos direitos e conquistas dos trabalhadores, que estão ameaçados pela terceirização. “Estamos tendo um ataque expressivo contra os nossos direitos, por meio das medidas provisórias 664 e 665 [que alteram direitos previdenciários e trabalhistas, respectivamente] e da terceirização. Vamos ter que ter muita união para que estas mazelas não recaiam sobre os trabalhadores. Somos radicalmente contra o PL, não aceitamos terceirização na atividade fim em nenhuma categoria, principalmente na nossa. Daqui para frente é mais luta”, enfatizou na tribuna o diretor do Sindicato Gilberto Almazan.

Valdir Fernandes, o Tafarel, do Sindicato dos Bancários, criticou o Congresso. “Temos que refletir, elegemos um Congresso perigoso que aprovou o PL 4330, um atentado contra o trabalhador. Não podemos esquecer também da MP 664 e 665, estamos em vias de um golpe, por isso apoiamos atos contra retrocessos. O 1º de maio não é feriado é um dia de luta”, reforçou.

A secretária do trabalho, Mônica Veloso, que também é secretária-geral do Sindicato, reforçou a importância de intensificar a luta em nome dos direitos dos trabalhadores. “Há dez anos o país assinou a convenção da OIT e se adequou para fazer parte de um compromisso em nome do trabalho decente, não podemos retroceder . A precarização tem cara. É a cara da mulher, que recebem menos. É a cara dos jovens, que são colocados nos piores empregos”, ressaltou.

Vice-presidente, Clemente, apontou os prejuízos da terceirização

Para o diretor Edson Cogo, “a tribuna é uma oportunidade para o trabalhador externar sua preocupação com a terceirização e os ajustes fiscais”.

Organização enfraquecida– O vice-presidente do Sindicato, Carlos Aparício Clemente, apontou alguns prejuízos para a organização no local de trabalho com a ampliação da terceirização. “Vamos ter efeitos colaterais em várias situações, problemas em cadeias. Vai desaparecer a obrigatoriedade das empresas de cumprir a Lei de Cotas, desaparece as Cipas [Comissão de Acidentes de Trabalho], desaparece os aprendizes”, explicou.

Clemente diz isso porque o número dos trabalhadores contratados pela empresa principal é usado como base de cálculo para eleição de Cipa, para obrigação da empresa ter SESMT (Serviço Especializado em Medicina do Trabalho), e para contratação de pessoas com deficiências e aprendizes.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18