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Seminário aborda interface entre pandemia, meio ambiente e saúde do trabalhador

Por Auris Sousa | 09 jun 2020

O 9º Seminário Meio Ambiente e Trabalho, promovido pelo Sindicato na sexta-feira, 5, discutiu pontos importantes sobre a pandemia do novo coronavírus na perspectiva ambiental e na saúde do trabalhador. Mediada pelo diretor Alex da Força, a atividade aconteceu de forma virtual e teve transmissão ao vivo pela página sindmetal no Facebook.

Seminário reuniu pesquisadoras e especialistas que discutiram a pandemia no contexto ambiental e na saúde do trabalhador

Paula Batich apresentou informações importantes sobre os impactos ambientais

Ao resgatar a origem do 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1972, Paula Batich, bióloga e coordenadora de curso de pós-graduação do Senac-Osasco, destacou tragédias ambientais, como as que ocorreram em Mariana, e surtos de doenças infecciosas transferidas de animais para humanos.  Acontecimentos que revelam uma interface da relação sociedade, meio ambiente e economia.

“O desgoverno, o desmonte na área ambiental pode causar vários danos e impactos que podem ser irreversíveis para o ecossistema”, apontou Paula, que entre, outros pontos, enfatizou: “a pandemia da covid-19 agrava crises que a gente já vivia no nosso dia a dia, tudo se compromete”.

Saúde do trabalhador

Exemplo disso é o descaso com a saúdo dos trabalhadores. Até o dia 18 de maio, o MPT (Ministério Público do Trabalho) registou quase 16 mil denúncias de irregularidades trabalhistas relativas à Covid-19, recebidas desde o início da pandemia, em todos os estados do Brasil. Até o momento, o MPT em São Paulo registrou um total de 1.687 denúncias.

Maria Maeno enfatizou os impactos da falta de dados da covid no trabalho

Sabendo disso e do aumento do número de casos e mortes em decorrência da pandemia, além de criticar o a flexibilização do isolamento social que vem ocorrendo em vários estados do país, inclusive em São Paulo, Maria Maeno, médica e pesquisadora da Fundacentro, chamou atenção para a falta de informação sobre Covid-19 no local de trabalho.

Para ela, coletar esses dados é importante para mapear o caminho do vírus. Para isso, casos suspeitos devem ser notificados e a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) deve ser emitida. “Quantos metalúrgicos, bancários, químicos, etc…tiveram ou têm [covid-19] não saberemos, pois a ficha de notificação do SUS (Sistema Único de Saúde) não contem este campo”, explica.

Maeno destacou que o artigo 29 da MP (Medida Provisória) 927 tentou descaracterizar a covid-19 como uma doença do trabalho, mas que o STF (Supremo Tribunal federal) suspendeu este artigo e, neste momento, ela pode ser reconhecida com uma doença relacionada ao trabalho.

“Eu defendo que todos os casos de Covid ocorridos entre trabalhadores que trabalhem fora de casa sejam considerados relacionados ao trabalho porque a transmissão pode ter acontecido no trajeto ou no próprio local de trabalho. Os que discordarem devem provar, então, que não há relação ao trabalho. Deve-se inverter o ônus da prova. Esta é a minha opinião”, destacou.

Genocídio declarado

Daniele Correia alertou sobre o grande número de mortes em decorrência do trabalho

Daniele Correia, socióloga e técnica do Diesat, lembrou que, no Brasil, acontece um acidente de trabalho a cada três horas, segundo dados do Observatório Digital. De acordo com estatísticas da Previdência Social, que é subnotificada, acontece no país uma média de 500 mil acidentes de trabalho por ano.

“O trabalho sempre adoeceu e matou muitos trabalhadores no Brasil. A classe trabalhadora sempre sofreu um genocídio através da exploração do trabalho e este debate sempre foi colocado como cortina de fumaça, este debate nunca foi de fato colocado para a sociedade do modo que deveria. Brasília está assentada sobre sangue e mortes. Minas Gerais, recentemente, a Ponte Rio Niterói, também”, destacou Daniele.

O Seminário desatacou que com a pandemia da Covid-19, as desigualdades ficam ainda mais expostas, e a sociedade, principalmente no que se refere a população mais vulnerável, tem amargado grandes perdas, com a perda de milhares de vidas, perda de emprego, perda de direitos trabalhistas. Para mudar este cenário, a luta e união serão determinantes. 

Assista ao seminário completo:

Caso não consiga acessar ao vídeo, clique aqui

 

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18