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Petrobras está no centro de disputa política

Por Cristiane Alves | 17 mar 2015

A principal empresa nacional está no centro da operação Lava-Jato, que sacode o mundo político com denúncias ainda a serem apuradas e punidas. Ao mesmo tempo, as sérias acusações, são usadas como justificativa para que os velhos defensores da tese de privatização voltem a utiliza-la. É preciso, então, entender a importância da Petrobras para os trabalhadores e o Brasil.

Empresa estratégica – A Petrobras é estratégica para o país. “Por muitos anos ainda a matriz energética será o petróleo. Quem deter petróleo detém poder”, explica José Maria Rangel, coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros).

O professor de Economia da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), Ednilson Felipe, estudou o crescimento vivenciado pela companhia a partir do final dos anos 1990 e atribui o fato a mudança na legislação, que gerou a possibilidade de concorrência no setor. “Ela teve de se mexer para ocupar áreas que estavam sujeitas a perder para a concorrência”, explica.

Os empregos diretos na empresa saltaram de 46 mil há treze anos para 86 mil no ano passado. Indiretamente, o setor de óleo e gás emprega mais de um milhão de companheiros, de acordo com a FUP.

Pré-sal – Essa busca resultou na ampliação dos resultados da empresa. Em 2014, a Petrobras alcançou o recorde de 2,17 milhões barris de derivados de petróleo, de acordo com a empresa. Isso envolve desde diesel para os caminhões até o asfalto para as estradas passando por matérias-primas usadas na indústria nacional. “A Petrobras desenvolve tecnologia que vão ser usadas desde a fabricação de borrachas, energia elétrica, gás encanado nos prédios. Isso não aparece para o consumidor como Petrobras”, explica o professor Ednilson.

A exploração empreendida pela empresa resultou na descoberta do pré-sal, em 2006. “As maiores descobertas de petróleo no mundo recentemente foram feitas no Brasil”, lembra José Maria. Por dia, são retirados 700 mil barris de petróleo do pré-sal.

Para se ter a dimensão do resultado, a empresa levou 31 anos para alcançar 500 mil barris diários de produção, o que aconteceu em 1984.

O pré-sal é explorado pelo modelo de partilha de produção. Com isso, a Petrobras opera com participação mínima de 30% em todos os poços do pré-sal e é detentora do óleo no subsolo. No caso das empresas privadas, se elas identificarem poços viáveis, recebem em óleo o equivalente pelas despesas que teve para encontrar o poço e também os volumes de produção correspondentes aos royalties devidos.

Para o Ednilson, da Ufes, o modelo obrigou a execução de grandes obras, dando margem para quem queria se aproveitar dos contratos fechados. “Ela passa a ter que contratar muito mais empresas. Isso é fruto do tamanho das coisas que a Petrobras teve de fazer”, explica.

Mas, os trabalhadores descordam. “Com essa política, temos a possibilidade de gerar cerca de 1,5 milhão de empregos, inclusive no setor metalúrgico. Isso faz com que trabalhadores que prestam serviço para a Petrobras tenham aumento na renda, mas também na escolaridade”, defende José Maria, da FUP.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #19