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Mesmo desobrigadas pela Lei de Cotas, 60% das metalúrgicas da região de Osasco contratam trabalhadores com deficiências; índice geral de contratação atinge a marca de 96,2%

Por Auris Sousa | 26 fev 2019

Para a maioria das metalúrgicas da região de Osasco, a deficiência não é um limitador para o trabalho, é o que comprova a 13ª Pesquisa “Lei de Cotas – Trabalhadores com deficiência no setor metalúrgico de Osasco e Região”. De acordo com o estudo, mesmo desobrigadas pela Lei de Cotas, 60% das metalúrgicas da região de Osasco contrataram trabalhadores com deficiências. Além disso, as fábricas preencheram 96,2%, da Lei.

Divulgada na sexta-feira, 22, pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, a Pesquisa é resultado de um levantamento do Sindicato, com o apoio da Gerência Regional do Trabalho em Osasco e do Projeto de Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho – SRTb/SP, que tem como base os questionários referentes ao ano de 2018 respondidos por empresas metalúrgicas.

Clemente apresenta dados da Pesquisa Metalúrgica [Foto: Joicy Costim]

Para Carlos Aparício Clemente, diretor do Sindicato e coordenador do Espaço da Cidadania, “o resultado é positivo. A batalha pela inclusão acontece a cada dia, não podemos esmorecer’.

O estudo também aponta a evolução das contratações por grupos de negociações. Dois deles, superaram as exigências da Lei de Cotas: Grupo 19-3 (Laminação, Trefilação), com 114,3%, e Grupo 3 (Automotivo), 102,5%. “Estes dados nos permite colocar esta discussão na mesa de negociações anuais do Sindicato com o setor patronal, e mostrar que é possível que qualquer segmento da área da metalurgia da região de Osasco tem pessoas com deficiências nos seus quadros”, explica Clemente.

Além de fazer um diagnóstico das contratações, o estudo ainda pode ser um instrumento para colaborar com a luta da inclusão, por meio de um trabalho de sensibilização. “Na Convenção Coletiva dos Metalúrgicos existe a questão da inclusão, com isto é possível chamar as empresas que não cumprem a Lei de Cotas para uma mesa redonda com o objetivo de discutir o assunto. O estudo também nos permite provocar o poder público local, já que tem estatísticas da contratação por municípios. A gente consegue, então, desenvolver um trabalho em conjunto.

O estudo indica ainda grande concentração de contratação entre as deficiências física, auditiva e os reabilitados, com 81,8% do total de vagas ocupadas em 2018. Neste mesmo período, a somatória das deficiências intelectual (mental), múltipla e visual correspondem a 18,2%. “Sinalizando que há preferências e exclusões nas contratações, conforme o tipo de deficiência”, destaca a Pesquisa.

Para José Carlos do Carmo, coordenador do Projeto de Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho – SRTb/SP, outros setores deveriam investir em pesquisas como a do Sindicato. “É muito importante que tenhamos este tipo de preocupação, como o Sindicato dos Metalúrgicos tem de trabalhar com os dados. Ou a gente levanta estas informações, ou ficaremos sempre no achismo das coisas. Se quisermos ter condições de avaliar o resultado concreto, até para que a gente possa, se necessário, corrigir o rumo das coisas, temos que fazer este tipo de estudo para trabalharmos com dados concretos”.

A divulgação da Pesquisa reuniu, na sede do Sindicato, trabalhadores com deficiências, dirigentes sindicais, autoridades, especialistas e militantes pela inclusão. Uma delegação de 20 dirigentes metalúrgicos de Curitiba, liderada por Sergio Butka, compareceu ao evento para fortalecer o diálogo intersindical sobre a importância da inclusão.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18