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Jornalista lança no Sindicato livro sobre exílio de trabalhadores

Por Cristiane Alves | 05 maio 2016

A jornalista Mazé Chotill esteve na sede do Sindicato na última quarta-feira, 4, para lançar a tradução em português do livro “Trabalhadores Exilados: a saga de brasileiros forçados a partir (1964-1985).

Mazé retornou nove meses após vir a Osasco para o lançamento no Brasil da obra, que, inicialmente, estava em francês, já que é resultado da pesquisa de pós-doutorado da autora na em ciências sociais na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS, na sigla, em francês) em Paris, onde mora há 31 anos.

Diferente de outros pesquisadores, que levantaram a vida no exílio de intelectuais e artistas, a jornalista optou por pesquisar a trajetória dos trabalhadores que partiram para outros países. Ela mergulhou na teia de documentações criada pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e nas publicações já disponíveis.

A pesquisa chegou a 127 banidos, cuja atividade profissional foi identificada, sendo 37 sindicalistas. Os principais destinos foram Suécia, França, Espanha, Bélgica. Mas, antes de chegar lá, percorriam um extenso roteiro, driblando a perseguição, que às vezes fazia a viagem se alongar por até três meses.

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Para muitos, apesar da dor da partida, o exílio significou aprendizado de novos idiomas, novas culturas, a conclusão dos estudos e uma profissão e, também, intercâmbio político, o qual foi valioso no retorno ao Brasil, com a Lei de Anistia, em agosto de 1979.

Ibrahin e Neto – Entre os sindicalistas, estão José Ibrahin e Manoel Dias do Nascimento. Ibrahin era o presidente do Sindicato, em 1968, uma das lideranças que organizou a Greve de Osasco, que entrou para a história como a primeira afronta a ditadura militar. Já Manoel, conhecido como Neto, é diretor fundador do nosso Sindicato, trabalhador da Lonaflex, também foi uma das lideranças da Greve.

Após a greve, ambos partiram para a luta armada na VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), foram presos e torturados pela ditadura. Ibrahim partiu para o exílio em Cuba, em setembro de 1969, após ser um dos 15 presos políticos trocados pelo embaixador americano Charles Elbrick. E Neto foi resgatado da prisão, em janeiro de 1979, no sequestro do embaixador suíço Giovanni Bücher, e foi para o exílio no Chile, junto com sua esposa Jovelina. O filho, sobrinhos e a mãe de Neto também havia sido presa, fora liberada em 1970, na lista dos 40 presos políticos libertados em troca do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben, que tinha sido sequestrado.

Presente no lançamento, Neto agradeceu a Mazé o esforço de contar a história de luta, sofrimento e aprimoramento político e profissional de todos os exilados. “Você não tem ideia da abrangência de um estudo como esse”, reconheceu. No entanto, ele lamentou que muitos trabalhadores tenham ficado de fora do estudo, dada a formas com a repressão os identificava.  

Mazé reconhece que é uma amostra em relação ao número de trabalhadores que provavelmente tiveram o mesmo destino. Daí a importância dos trabalhos das Comissões da Verdade. “As comissões fizeram levantamentos muito importantes, mas a gente está só começando”, reconhece.

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Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18